| 30/12/2009 22h17min
No capítulo anterior, Figueroa. Agora, Ancheta. O chileno colorado e o uruguaio gremista fariam dupla de zaga nos sonhos de qualquer time nos anos 70. Mas jamais jogaram juntos. Lado a lado ficaram apenas nesta seleção de ídolos da Dupla, sugerida por leitores, e que o Diário vem retratando na série “O que faz da vida”.
A rotina de Atílio Genaro Ancheta, aos 61 anos, é bem diferente daquela dos tempos de jogador. Em 2010, completa 20 anos na carreira de cantor. Nos campos, ficou apenas 13.
O pedido feito no encerramento da entrevista dada no Olímpico, resume a rotina de Ancheta:
– Se puder, coloca bem grande no jornal o número 9965-6920. É meu telefone, o contato como cantor!
Então, sorrindo, entra em um Fiesta 2001 e ruma
para casa, a poucos metros do estádio. O carro é “para troca”:
– Compro e vendo
veículos para engordar a renda dos shows.
Longe de estar pobre, o uruguaio é exemplo da época em que jogador recebia salário mediano. No Grêmio, ganhava US$ 1,5 mil. Hoje, R$ 2,6 mil. Só neste momento Ancheta esconde o sorriso:
– Muito perna-de- pau faz dois jogos bons e garante ordenado acima dos R$ 100 mil!
- Bom humor ao lembrar de 1977
Grana à parte, ele é um homem realizado. De voz melosa e ainda com pinta de galã, domina o palco.
– Só não canto em restaurante. De resto, faço shows variados. Gravei três discos, em português e espanhol! – orgulha-se ele, que tentou sem sucesso ser treinador (Passo Fundo, em 2007).
A vida, hoje, não é menos árdua do que quando corria atrás de atacantes. Sobre Gre-Nais dos anos 70, com bom humor, deu sua versão a um caso famoso de 1977, quando o Tricolor parou a série de oito títulos gaúchos do Inter.
– Oberdan (zagueiro)
chegou dizendo que o Escurinho não iria mais cabecear. Mas eu segui marcando o cara! Fomos
campeões em cima do Inter e ele levou a fama.
Ficha do ídolo
- Nome: Atílio Genaro Ancheta Weiguel, 61 anos (19/7/1948, em Florida, no Uruguai)
- Onde mora: Porto Alegre, com a mulher Nadia e os filhos Pietro e Samara
- O que faz: é cantor, com repertório que privilegia boleros, tangos, salsas e músicas românticas em português e espanhol
- Ano da estreia: 1969, no Nacional de Montevidéu (Uruguai)
- Ano do adeus: 1982, no Nacional de Montevidéu (Uruguai)
- Clubes como zagueiro: Nacional, Grêmio (1972 a 1980) e Millionarios (Colômbia)
- Clubes como treinador: Passo Fundo
- Títulos no Grêmio: dois Gauchões (1977 e 1979)
- Fundo do baú
- O jogo da vida:
prefiro escolher o ano da minha vida. Foi 1973. Pelo Grêmio, mesmo sem ganhar título, fui eleito o melhor zagueiro em atividade no Brasil.
- Alegria no futebol: ter conquistado muitos amigos e ser reconhecido, em todos os lugares em que vou, como um ídolo gremista.
- Se pudesse voltar no tempo: tomaria menos decisões com o coração e mais com a razão, principalmente na hora de definir salários e valores de contratos.
- Aprendizado na pior derrota: não tenho nenhuma em especial, mas ficava irritado quanto jogávamos melhor e perdíamos Gre-Nal. Especialmente com gol do Escurinho nos minutos finais.
DIÁRIO GAÚCHOPaulo, eu estava nesse jogo!!! Beira Rio lotadíssismo, mais de 100 mil pessoas. O resultado foi 3x3 e o jogo foi em 1972. Depois disso houve outro confronto, em 1978, com novo empate, desta vez em 2x2.
Posso estar enganado, mas acho que o Ancheta e o Figueroa jogaram juntos uma vez, sim. Foi um jogo da Seleção Gaúcha x Seleção Brasileira, lá por 1974, quando [para variar] sacanearam os gaúchos na convocação da seleção nacional, houve revolta, os gaúchos desafiaram a CBF para um tira-teima e para provar que no RS havia jogadores convocáveis, e para "pacificar", a CBF aceitou o jogo. Sei que terminou empate, não lembro o placar. Mas acho que os dois zagueiros jogaram lado a lado naquela ocasião. Pesquisem.
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