Esportes | 23/12/2009 07h10min
Entre 94 participantes, um time saiu invicto. Há 30 anos, no dia 23 de dezembro de 1979, o Inter vencia o Vasco por 2 a 1 no Beira-Rio e confirmava dois feitos históricos: ser o primeiro tricampeão do Brasileirão, e o primeiro a conquistar o título sem perder um jogo sequer. O Campeonato Brasileiro daquele ano teve número recorde de participantes numa única divisão, por imposição do regime militar.
Autor do primeiro gol da partida decisiva no Beira-Rio, o atacante Jair, o "príncipe Jajá", acha difícil que outro clube consiga repetir a façanha colorada de conquistar um Brasileirão de forma invicta. Porém, é cauteloso ao afirmar que isso nunca se repetirá:
– Isso é uma coisa que vai demorar pra acontecer de novo. A gente diz que "nunca mais", mas o nunca é algo muito forte. Quem sabe daqui a 30 anos... – disse o ex-jogador. – Naquele ano perdemos o Campeonato Gaúcho e entramos no nacional com muita vontade. Fizemos um trato pelo título – completou.
Jajá abriu o placar aos 40 minutos do primeiro tempo aproveitando um lançamento e ficou cara a cara com o goleiro vascaíno Leão. Depois do drible na entrada da área, foi só mandar a bola para a rede. Falcão ampliou no segundo tempo. Cláudio Mineiro cruzou rasteiro da esquerda, Leão tentou abafar a bola no gramado, mas permitiu rebote. Falcão entrou com tudo, batendo forte de perna direita. O Vasco descontou nos minutos finais com Wilsinho.
– Eu fiz o primeiro e, quando o Falcão fez o segundo, só deixamos o tempo passar para comemorar o tricampeonato invicto – relatou Jair.
Batista, que era meia e naquele ano enfrentou problemas de lesão, mas conseguiu se recuperar para as fases finais, se sente honrado por ter sido um dos personagens de um campeonato tão marcante para o Inter:
– Fica a satisfação de ter participado disso e ser homenageado até hoje por esse feito. E o que vem à cabeça sobre o título? Invicto, né? Olha aí que façanha – considera Batista, hoje comentarista.
Entretanto, no jogo de ida, no dia 20, os desfalques do time colorado eram o problema. O Inter não contou com Falcão, Valdomiro, entre outros. Mas Chico Spina resolveu a parada em pleno Maracanã. Foi autor dos gols na vitória por 2 a 0:
– Na realidade a gente já tinha ganho o título no Maracanã. Depois de vencer o Vasco por 2 a 0, era quase impossível perder em casa – ponderou Falcão.
– A partida crucial foi a partida com o Vasco, no Maracanã. A gente jogou sem Falcão, Valdomiro, entre outros titulares. E nós vencemos lá por 2 a 0 – lembrou Jair.
Falcão ficou fora daquela primeira partida da final devido a uma lesão. E a preocupação dele passou a ser se poderia estar em campo naquele dia 23 de dezembro de 1979 para erguer a taça:
– Fiquei até sábado pela manhã com uma tala de gesso, muito preocupado se conseguiria ou não jogar. Foi uma semana muito difícil. Começou na segunda quando fiquei sabendo que estava fora do jogo de quinta. Tinha certeza que seríamos campeões, mas não tinha certeza de que estaria na "festa" em casa – disse o camisa 5, que não apenas jogou como fez o segundo gol colorado no Beira-Rio: – O Claudio Mineiro cruzou, o Bira entrou com o Leão. A bola sobrou para mim, que vinha chegando de trás. Peguei forte e fiz o segundo gol, que foi o que sacramentou o título.
Números e curiosidade
Para erguer a taça do tri em 1979, o Inter entrou em campo 23 vezes. O time comandado pelo técnico Ênio Andrade fez 40 gols e levou apenas 13. Foram 16 vitórias e sete empates. Uma dessas vitórias, curiosamente, por W.O., pela terceira fase. A partida seria contra o Atlético-MG, no Beira-Rio, mas o adversário literalmente tirou o time do campeonato depois de se sentir prejudicado com a inversão de mando de campo com o Goiás.
O episódio foi parar na Justiça comum, o que ameaçou paralisar a competição. O colunista de Zero Hora Paulo Sant'Ana publicou na ocasião, em tom de brincadeira, o time do Galo que seria escalado: "Habeas-corpus, Apelação, Embargo, Mandado de Segurança, Revisão Criminal; Embargos Infringentes, Protesto Por Novo Júri e Agravo de Instrumento; Embargos de Terceiros, Indulto e Anistia".
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Falcão: "Tinha certeza que seríamos campeões, mas não tinha certeza de que estaria na 'festa' em casa"
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