Esportes | 24/11/2009 14h46min
Na série de torcedores fanáticos pela dupla Gre-Nal, é a vez do colorado André Prestes, de Santa Maria, que trabalhou a noite inteira na véspera da decisão do Mundial de 2006, passou mal no gol do título e mesmo assim fez questão de sair para festejar.
Pedro mandou o relato dele para o e-mail esportes@clicRBS.com.br e está tendo a história publicada aqui. Você pode fazer o mesmo. Não esqueça de inserir dados como nome completo, idade, ocupação e um telefone de contato, e de preferência uma foto para ser publicada junto.
Confira:
Fecho os olhos e relembro neste momento como se estivesse vivenciando agora. Eu trabalhava na época de telefonista num setor de urgência do horário da 1h às 7h.
Bem em frente à empresa onde eu prestava o serviço, existia um outdoor dizendo: COLORADOS FALTAM
20 DIAS PARA VOCÊ SER UM CAMPEÃO DO MUNDO. Diariamente era trocado o outdoor, atualizando os dias, até que chegou o grande dia.
Como eu devia ficar acordado toda noite, levei para o meu setor um rádio, e fiquei escutando o trabalho especial que a Gaúcha fez durante toda a madrugada, com várias reportagens, com jogadores importantes da história do Inter relatando o atual momento e a possível conquista que viria. Passei a noite inteira acordado. Tive sorte que aquela noite foi tranquila, sem um movimento sequer. Parece que todos resolveram não terem algum mal-estar para procurar atendimento. Quando chegou a manhã, recolhi meu pertences, meu querido rádio companheiro e a fita em que gravei vários aúdios que a Gaúcha nos proporcionou.
Ao chegar em casa, minha mulher Andressa Madeira perguntou:
— André, tu não vais dormir um pouco antes do jogo?
— Não, Branca, não estou com sono e nem estou a fim de fazer isto.
Como havíamos combinado de olhar o jogo com um casal de amigos
nossos, Gilson e Tânia, eu fui direto, antes de minha amada Andressa, que iria mais tarde pois queria fazer uma caminhada até a casa deles. Chegando lá, começamos na cerveja, picadinho, etc e tal. Coração batendo forte, unhas sendo roídas, até que a transmissão começa, "em definitivo daqui de yokohama". Quando o amado Inter entrava em campo, eu pensava que aquele era o momento mais esperado na minha vida de colorado, formado por uma familia somente de colorados, comandados pelo meu querido avô Arão Fernandes. Lembrava também que, nos jogos do Inter, nós hasteávamos nossa bandeira colorada no poste construído exatamente para mostrar a todos nosso orgulho de sermos colorados.
Começa o jogo, nervos à flor da pele, recordo que meu coração parecia que sairia pela boca, e a minha namorada Andressa ainda não havia chegado. Já havia terminado o primeiro tempo e nada dela chegar. Liguei para seu celular e me respondeu que estava a caminho. Pedi que chegasse rápido, pois nas minhas lembrança vinha
o fato de
que quando ela esteve junto nos jogos do Colorado sempre ganhávamos, mesmo sendo ela tricolor.
Então chega minha amada Andressa, suada e cansada da caminhada que tivera feito para se deslocar até o local de nossa concentração. Barcelona em cima, até que o Pedro Ernesto falou:
"Índio faz o domínio da bola, tem a marcação do Ronaldinho, Índio chuta de qualquer maneira para o meio de campo. De cabeça torneou Adriano Gabiru, tocou para Luiz Adriano, para o Iarley. Olha o gol do Inter pintando, Luiz Adriano tá livre, Iarley tocou para o Gabiru, atirou é gooooooooooooooollllllllll, gooooooooooool do Internacional! O Inter vai ser campeão do mundo com gol aos 36 minutos, num tabelamento espetacular, Iarley mete no Gabiru, criticado, odiado Gabiru, pelo torcedor do Inter. Reverte, ele é o teu amor, torcedor colorado! Ele é o teu amor! São 10 horas da manhã no Brasil, dia 17 de dezembro de 2006..."
Enfim o resto desta narração todos conhecem. Na hora deste
glorioso gol eu lembro que parece
que o tempo parou. Houve um estrondo na minha cidade e foi uma alegria só. Como diz o poeta, quando atingimos um momento grande de felicidade o "tempo para", e o tempo parou para nós, colorados. Jamais, em meus 34 anos de vida, conseguir ter felicidade igual. Chorei feito uma criança. Nos abraçávamos, o Gilson meu amigo chorava e me abraçava. Fui abraçar minha amada Andressa e chorando não consegui, pois a emoção foi tanta que minha pressão acabou caindo e eu cai ao chão, sentindo meu olhos escurecendo, quase perdendo os sentidos. Mas o amor pelo Inter não deixou isto acontecer consegui me recuperar e voltar ao jogo.
Os momentos finais foram de enlouquecer. Parecia que o tempo que havia parado, não voltou à normalidade. Ver o jogador do nosso maior rival batendo uma falta que passaria e centímetros do gol do glorioso Clemer foi de terror infernal, até que o árbitro da Guatemala, senhor Carlos Batres, apitou o encerramento da partida e todo aquele peso que tínhamos em nossas costas foram
aliviados.
Chorei mais ainda dizendo a minha amada Andressa:
— Branca, eu esperava por isto há muito tempo!
Pensava no meu finado avô, nas emoções e tristezas que juntos passamos com o Internacional, sabendo que aonde ele estivesse naquele momento, seria exatamente ao meu lado torcendo e sendo um verdadeiro CAMPEÃO DO MUNDO FIFA. Eu que havia virado a noite trabalhando consegui forças e fomos até a avenida Presidente Vargas, onde acontecem aqui em Santa Maria as comemorações dos títulos conquistados pela dupla Gre-Nal. Só cheguei em casa às 18h, quando tomei banho e consegui ter o sono mais tranquilo do mundo. Dormi feito uma criança realizada por ter ganhado o presente que tanto almejava.
Lembram da narração do Pedro citada anteriormente? Pois é, hoje em dia é o toque do meu celular e só atendo depois que o Pedro Ernesto grita o gol. Agradeço a Deus por me dar a vida para ver este momento glorioso e vitorioso e claro ao meu querido e
amado vô por ter me guiado para o lado vermelho do
RS, e dizia sempre para me orgulhar do CLUBE DO POVO.
• A história da colorada Aline Menéndez Dutra virou uma charge eletrônica. Confira a loucura dela na animação:
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