| 25/08/2009 05h30min
Daniel Marenco
O técnico Paulo Autuori, aos poucos, vai mudando o jeito histórico de jogar futebol do Grêmio. Um estilo consolidado no passado recente com Luiz Felipe Scolari e o seu time campeão brasileiro e da Libertadores nos anos 90. Mas Autuori é diferente. Em vez de contra-ataque, velocidade e cruzamento, ele defende com paixão o ataque, o toque de bola e a cadência. Um novo Grêmio, uma revolução? Um novo Grêmio, sim. Uma revolução, de jeito nenhum.
O Grêmio de Autuori é o rei da bola
aérea, como era com Felipão e até mesmo Celso Roth. Dos 37 marcados no Campeonato Brasileiro, 14 foram de cabeça.
Persegui o Cléber Grabauska pelos corredores da Rádio Gaúcha, o arrastei para suas gavetas repletas de polígrafos milagrosos e, ali, ele me emprestou uma informação preciosa, como são preciosas todas as informações que o Cléber extrai da frieza dos número todos os dias.
Excluídos os quatro gols de pênalti (dois de Jonas e mais dois de Tcheco) e outros quatro de falta, todos de Souza, chegamos a 22. Portanto, dos 37 gols assinalados, 22 não foram de bola tramada rente a grama, algo razoável para uma equipe que valoriza a troca de passes como conceito de futebol.
Em resumo: apenas cerca de um terço dos gols do Grêmio no Campeonato Brasileiro não foi de cabeça, de pênalti ou de falta.
Me arrisquei nesta perigosa matemática para dizer que o fato de o time de Autuori ser o rei da bola aérea não é uma contradição com o estilo que ele pretende implementar no Grêmio. É só uma convenção associar gols de cabeça e futebol tosco.
Não precisa ser sempre assim.
Imaginemos a
seguinte hipótese. E se, no domingo, a vitória sobre Celso Roth tivesse sido por 3 a 1, sem o quarto gol de Jonas. A cobrança de Tcheco procurando Réver (foto) no alto não foi um passe? Nada houve de aleatório ali. E o gol de cabeça de Perea, o terceiro? Souza vai ao fundo pela direita, ergue a cabeça e encontra o colombiano na área. Não é aquele chuveirinho para se livrar da bola. É lançamento. Nem preciso entrar em detalhes no gol de falta de Souza, pois trata-se de talento puro nesta arte — lapidado a custa de muito treino, vale dizer.
Moral da história : o Grêmio de Autuori é diferente por que Autuori vê o futebol de outro jeito, com mais ambição ofensiva, mas não ao ponto de negar raízes ou afrontar as mais caras tradições azuis.
Por isso boa parte dos gols de Grêmio neste Brasileirão são de cabeça, recurso historicamente usado com força nas imediações da Azenha. E antes, na Baixada de Foguinho. É um
Grêmio diferente, mas ainda é o Grêmio.
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Acertastes naquilo que falamos "depende do angulo que se ve". Ao deflagar uma visao ofensiva, Autuori nao deixou de lado outros fundamentos: atacar por todos os lados, horizontalmente ou verticalmente. Nao ha equipe que nao tenha finalizado em tabelas, entrando pelo meio, atacando pelos flancos, utilizandose do cabeceio ou eficiencia em arremates de bola parada ou descuidado da defesa. Nao e um novo teorico. Foguinho, um visionario, propos um futebol qua aliase a arte com o preparo fisico e o empenho tatico ( que o encantou na europa, e que nao tinhamos). Por falta de comparacoes, achouse que propunha o futebol forca (em funcao da preparacao fisica que exigia). Questao de angulo de visao.
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