Esportes | 21/08/2009 15h21min
Foram divulgados os textos de escritores franceses em homenagem a Paulo Roberto Falcão que serão lidos na mesa-redonda França - Gre-Nal 3º Tempo, promovida pela embaixada da França do Brasil. Falcão será homenageado por ser um dos brasileiros mais queridos e admirados pelos franceses. O encontro abordará as semelhanças entre o futebol brasileiro e o francês, e será realizado na próxima terça, dia 25, a partir das 19h, na Casa de Cultura Mário Quintana. Será um debate com a presença dos presidentes da Dupla Gre-Nal, Duda Kroeff e Vitorio Piffero.
Participam ainda do debate o próprio Paulo Roberto Falcão, ex-jogador e comentarista do Grupo RBS, o jornalista Luiz Zini Pires, da Zero Hora e Rádio Gaúcha, como mediador; o adido de Cooperação e Ação Cultural da Embaixada da França no Brasil, Ronan Prigent; o escritor e músico Emmanuel Tugny, autor de vários ensaios sobre futebol; o diretor da Aliança Francesa, Christophe Benest e a atriz gaúcha Fernanda Moro, que lerá os textos. Os
ingressos do
encontro custam R$ 20, e estão à venda na Livraria FNAC do BarraShoppingSul.
Confira um dos textos abaixo e os demais no arquivo PDF:
De outros heróis
Tarik Noui
Eu amo muito o futebol. Eu sempre amei o futebol. Para mim, isto não é apenas um esporte ou uma arte, é muito mais que isso, é a história de uma bola que durante 90 minutos é seguida por milhões de pessoas pelo mundo. Uma história que acontece intimamente em cada um de nós. Alguns dizem que é uma religião e eles têm razão, alguns dizem que é infantilidade e eles têm razão também, pois para estas duas coisas, é preciso ter uma alma de criança e de sonhador, a capacidade de vibrar e de se levantar de repente, erguendo os braços para o céu.
Como em toda disciplina desta ordem, esta tem suas lendas e seus gênios. Gênio tático, gênio do gesto e da graça quando uma ação escapa durante um curto instante ao entendimento.
Quando uma brecha se abre lá, onde não é possível. Quando uma vontade acaba por
transpor a intransponível defesa para chegar ao final. No Brasil, há grandes mestres de futebol. Porquê? Não se sabe muito bem, sem dúvida uma mistura de crenças religiosas e de dança. De ritmo. Se interrogarmos as pessoas, elas serão capazes de citar dezenas de nomes da bola e pouquíssimos grandes generais.
É um bom sinal. Então, longe dos combates armados e das divergências que cortam o mundo, existem heróis. É realmente preciso nomeá-los assim, quando milhões de pessoas clamam um mesmo nome, ou usam uma camisa com o número do jogador adulado. Pois um herói, por definição, é alguém que tem, por seus atos, a capacidade de elevar nosso cotidiano ao nível do sonho, de nos fazer viver por procuração o que nos é recusado pela realidade de nosso peso. Sim, queiramos ou não, pode-se qualificar de heróis, de dançarinos, alguns grandes jogadores de futebol : Paulo Roberto Falcão faz parte deles e nós temos sorte.
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