Nada contra Mário Fernandes e Danilo Silva, os laterais-direitos da vez de Grêmio e Inter. Mas se Arce e Cláudio Duarte jogassem hoje ninguém cometeria o sacrilégio de contestá-los. Por dois motivos. O primeiro: no tempo deles, já era assim, uma titularidade tão acachapante que os pobres reservas iam e vinham do Olímpico e Beira-Rio do mesmo jeito que chegavam, quase no anonimato. O segundo motivo: ainda hoje, Arce e Cláudio seguem na memória dos torcedores. Por isso a camisa 2 da seleção Gre-Nal é deles.

Éo que indica o resultado parcial da votação com os torcedores patrocinada pelo Carrefour e clicRBS (veja como participar no quadro).

Cláudio Duarte, 58 anos, chega a se emocionar ao ver o nome em primeiro lugar como lateral-direito do Inter de todos os tempos. Não apenas pelos concorrentes que o sucedem no coração dos colorados. São eles Paulinho e Luiz Carlos Winck. Paulinho brilhou nos anos 50. Luiz Carlos Winck ia e voltava pela faixa de terreno do lado direito do Beira-Rio nos anos 80. Cláudio, como se sabe, é filho dileto do lendário Inter dos anos 70 treinado por Rubens Minelli, para muitos um time da estirpe do Santos de Pelé ou do Botafogo de Garrincha.

– Vi meu nome na seleção, claro que sim. Mas como é que lembram de mim ainda? – surpreende-se Cláudio, que largou o futebol aos 26 anos, vitimado por um problema ósseo no joelho direito que resultou no menisco extirpado, quando sua convocação para a Seleção Brasileira era iminente.

O paraguaio Arce, 38 anos, peça-chave do Grêmio campeão da Libertadores de 1995 e do Brasileiro no ano seguinte, tremeu na voz quando soube que ainda vive na lembrança dos gremistas. Ele é técnico do Rubio Ñu, um modesto clube de Assunção que há 29 anos não subia para a Série A. Dois anos sob o comando de Arce e pronto: lá está o flamante Rubio Ñu na quarta rodada do Torneio Clausura, duelando com Cerro Porteño e Olimpia.

Bem, mas a pergunta é: o que os dois melhores laterais de todos os tempos de Inter e Grêmio têm em comum? Ambos vieram do meio-campo. Cláudio era volante. Arce, meia-direita. – Lateral tem que ser feito no clube. Recolhido da meia-cancha, por ter mais condições de participar do jogo na armação e no ataque – diz Cláudio.

– É o perfil do futebol brasileiro. Tem que saber atacar e ter uma técnica apurada o suficiente para acertar lançamentos e cruzamentos que se transformem em chances de gol – concorda Arce.

Mas Cláudio e Arce deixam um alerta interessante. Há uma cobrança exagerada sobre os ombros do pobre lateral. Eles têm que defender como zagueiros, armar como camisas 10 e marcar gols como atacantes. Como diz Cláudio: menos, menos.

– Fazer tudo ao mesmo tempo no mesmo nível não dá. Não adiantava exigir do Arce uma baita marcação. Eu mesmo tinha problemas quando pegava um ponteirinho arisco. Então tem que pegar o cara do meio e ajustar a defesa ali pelo lado. É por aí – sorri Cláudio.