Geral | 23/07/2009 03h12min
A morte de pelo menos uma gestante gaúcha devido à gripe A e de outras três com suspeita de ter contraído o vírus despertou no Estado uma preocupação que já é comum a diversos países.
Embora não existam estudos científicos detalhando o impacto do novo vírus sobre a gravidez, as mulheres à espera de um filho são apontadas por especialistas como vítimas mais suscetíveis a complicações do vírus H1N1 do que a população em geral.
As alterações hormonais típicas do período, que podem resultar em fragilidade imunológica, e a maior dificuldade para respirar provocada pela expansão abdominal, sujeitam as grávidas a cuidados ainda mais rigorosos para evitar uma contaminação.
– Quando o abdômen aumenta de tamanho, a mobilidade pulmonar fica reduzida. Fica mais difícil tossir, que é um mecanismo de defesa, ou respirar profundamente. As asmáticas, quando engravidam, tendem a piorar de saúde em 50% das vezes – compara o pneumologista Adalberto Rubin, do Pavilhão Pereira Filho da Santa Casa de Porto Alegre.
O ginecologista e obstetra José Geraldo Lopes Ramos, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), lembra que as pneumonias costumam ser mais graves nas gestantes – o que poderia indicar uma relação semelhante com a nova gripe.
– Ainda não sabemos muita coisa, na verdade, por se tratar de um vírus
novo – afirma Ramos.
O obstetra diz que as consequências da
variação hormonal sobre o sistema imunológico das grávidas também é motivo de controvérsia, já que protegeria mais as mulheres de algumas doenças, mas as deixaria mais suscetíveis a outras. O especialista indica que, por precaução, as gestantes devem procurar um médico em caso de sintomas como febre persistente ou dificuldade para respirar.
Devido às peculiaridades da gestação, o diretor do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Francisco Paz, afirma que as grávidas se encontram no grupo de risco que já deve começar a receber tratamento específico contra a gripe A nas primeiras 48 horas após aparecerem os sintomas.
– O uso do tamiflu (remédio indicado para combater o vírus H1N1) só deve ser evitado nos primeiros três meses de gravidez, quando o feto está em fase de formação – avalia.
Nesse período, o uso do medicamento só deve ser feito mediante indicação expressa do obstetra. Ramos observa ainda que não há risco de a mãe infectada transmitir a
gripe A para o feto durante a
gestação:
– A contaminação só ocorre, eventualmente, depois do parto. Por isso, é importante lavar as mãos seguidamente para cuidar do bebê, usar máscara para amamentar, entre outros cuidados.
A continuidade da amamentação, mesmo por parte de mães gripadas, é recomendada por organismos como a Organização Mundial da Saúde e o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos. Isso é importante porque o leite é fonte de anticorpos para os bebês conseguirem se proteger de uma série de infecções.
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