Geral | 22/07/2009 03h43min
Júlia estava sendo esperada para daqui a um mês. Mas o fato de sua mãe, Rose Cristina Cáceres Firquim, 36 anos, ter contraído o vírus da gripe A, fez com que a menina chegasse mais cedo.
Rose morreu no dia 16, após dar a luz à menina. A cesária foi feita as pressas justamente para salvar a vida do bebê, que completa uma semana de vida hoje sem qualquer sintoma da doença.
Durante o parto, realizado na Santa Casa de Caridade de Uruguaiana, a mãe estava com isolamento respiratório, para evitar o contágio da doença que, no dia da cirurgia, ainda não estava confirmada.
O médico infectologista da Santa Casa de Porto Alegre André Luiz Machado da Silva explica que, se a mãe teve a respiração isolada, é praticamente impossível que o bebê contraia a doença:
– A transmissão se dá por via aérea. Por via transplacentária não há nenhum registro de transmissão do vírus da gripe. Por isso, se houve isolamento da respiração, não há contágio –
observa.
A médica que realizou o parto,
Jacira Ritter, diz que foi uma cirurgia bastante difícil:
– A oxigenação estava muito baixa. Acho que em 30 anos de trabalho eu nunca tinha feito uma cirurgia em uma paciente tão grave assim. Ela saiu da UTI entubada para o bloco cirúrgico. Uma paciente que estava em péssimas condições, e a gente precisava retirar a criança o mais rápido possível – comentou.
Criança está na UTI, mas deve ir para casa em 10 dias
A mãe da criança estava com oito meses de gestação, e a cesária ocorreu um dia após o seu aniversário. A irmã de Rose, Cleide Adriana Cáceres Furquim, é quem vai cuidar do bebê:
– A Júlia foi o filho que ela esperou a vida toda. Era o sonho da vida dela. Eu vou criá-la com todo o amor que ela deu para os meus dois filhos porque foi ela que os criou e nunca deixou faltar nada. Vou criar como mãe, mas ensinar que a mãe dela é a mana – afirmou.
O bebê está em observação na Unidade de Tratamento Intensivo
da Santa Casa, e a expectativa é de que a menina vá para
casa dentro de 10 dias. Para o pai da criança, Waldir Couto, a tristeza se mistura com esperança:
– Foi um planejamento de vida, nosso primeiro filho. Tudo voltado para esse bebê. Ela lutou muito por isso. Não tem explicação o que a gente está sentindo com a perda da Rose. Mas é essa menina que nos dá força e cada vez a gente se une mais– diz.
Em estudo publicado na semana passada, a Organização Mundial da Saúde alerta que os principais grupos de risco não são os mesmos da gripe sazonal. Um dos destaques é o alto número de adultos até 50 anos e saudáveis. Esse grupo responderia por mais da metade das mortes. A gripe sazonal atinge crianças e principalmente idosos. Obesos, pessoas com problemas respiratórios e grávidas são grupos de risco.
A entidade insiste que, apesar da alta velocidade de disseminação, o vírus atua de forma suave na maioria dos casos e muitos sequer sabem que foram contaminados.
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