Geral | 22/07/2009 03h40min
Apesar de a Secretaria Estadual de Saúde insistir de que não há motivos para pânico, o medo da gripe A já criou uma onda de restrições à população gaúcha. Ninguém escapa dessa teia de temor. Aulas, missas, shows de rock e até formaturas já foram canceladas nos últimos dias. Pelo menos cinco municípios decretaram situação de emergência para evitar o alastramento da doença.
– São atos de responsabilidade restrita aos prefeitos. Isso apenas serve para evitar algum tipo de temor, além de facilitar a contratação de pessoal, compra de equipamentos e medicamentos, sem licitação – explica o coordenador estadual de Defesa Civil, coronel Joel Prates Pedroso.
Com dificuldades para atender à demanda nos hospitais e nas unidades de saúde, que não param de crescer, os prefeitos, liderados por Aírton Dipp (PDT) de Passo Fundo, pediram ontem um encontro urgente com a governadora Yeda Crusius. O objetivo é receber recursos e auxílio do Estado para conter o avanço da doença. Na
Capital, o Sindicato Médico do
Rio Grande do Sul (Simers) reivindicou a contratação de pelo menos mais cem médicos. O Simers defendeu também que os hospitais Conceição e Clínicas assumam e reabram, respectivamente, os hospitais Luterano e Independência, da Universidade Luterana do Brasil, para haver mais leitos.
Enquanto as unidades de saúde ficam abarrotadas de gente, shows, encontros e outras programações vão ter de ficar no vazio. Na Região Norte, as prefeituras começam a cancelar eventos e a suspender aulas. Em Passo Fundo, onde foi registrada mais uma morte suspeita, seminários dos setores de educação e saúde, além das comemorações da semana do município, não serão mais realizados.
Em Tapejara, Carazinho e Marau, as prefeituras anteciparam as férias das escolas municipais. O mesmo ocorreu em Nova Bassano, Vista Alegre do Prata, Nova Prata e Boa Vista do Sul, cujos recessos se iniciaram hoje. Em Caxias do Sul, onde uma paralisação de médicos aprofundou a crise e levou o prefeito José Ivo
Sartori (PMDB) a decretar
situação de emergência, a folga escolar acabou ampliada em mais 15 dias. A recomendação para os moradores do município serrano é que se evite a realização de shows e até missas. Quem atende diretamente o público, como os cobradores de ônibus, terão de usar máscaras para se proteger e evitar o contágio.
Colação de grau terá de ser feita em gabinete
A Universidade de Passo Fundo (UPF) suspendeu todas as formaturas previstas para os próximos dias. As colações de grau dos estudantes que concluíram seus cursos no primeiro semestre terão de ser feitas em gabinete. A instituição também transferiu o início das aulas do segundo semestre para o dia 3 de agosto.
Na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), todos os eventos programados para julho e agosto foram cancelados. Até o tradicional Festival Internacional de Inverno, que ocorre no distrito de Vale Vêneto, em São João do Polêsine, não escapou.
Com o pânico se instalando em solo
gaúcho, o secretário estadual de Saúde, Osmar
Terra, deverá ir amanhã a Santa Maria e Caxias do Sul.
– Nós não vamos cancelar nenhum evento. Nessa época do ano sempre tem algum surto de gripe no Rio Grande do Sul porque é o inverno. O comportamento dessa gripe é benigno, não há motivos para cancelamento – afirmou Terra.
O secretário recomendou apenas que as pessoas mais suscetíveis a doenças se protejam.
– Claro que as pessoas com sintomas de gripe vão ser encaminhadas para um local onde serão orientadas, mas não é motivo para suspender eventos. Nós recomendamos que as pessoas que têm deficiência imunológica, crianças e pessoas com mais de 70 anos evitem lugares com muita gente – destacou.
A estimativa do governo gaúcho é de que pelo menos 4 mil pessoas já estejam contaminadas. Até a noite de ontem, havia 11 mortes confirmadas.
Em site especial,
saiba mais sobre a doença.
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