Política | 17/07/2009 03h13min
O chefe de Polícia Civil, delegado João Paulo Martins, confirmou ontem que policiais do Denarc foram à casa de Sérgio Buchmann, presidente do Detran, na noite de terça-feira, horas antes de o filho dele ser preso por tráfico de drogas. A seguir, trechos da entrevista:
Zero Hora – A Polícia está apurando a visita que o presidente do Detran, Sérgio Buchmann, diz ter recebido?
Delegado João Paulo Martins – Estamos atentos a isso.
ZH – Há apuração a respeito?
João Paulo – Sim. Primeiro, nós procuramos saber em que circunstâncias se deu isso. A resposta que me foi dada foi, em princípio, aceitável: aquele contato tinha apenas a intenção de facilitar a busca independentemente de mandado judicial. Como não houve sucesso, foi buscado mandado judicial e assim se procedeu. Estamos verificando se essa explicação esgota a verdade.
ZH – Ele foi visitado por policiais envolvidos na investigação que buscavam ajuda para
fazer buscas sem mandado?
João Paulo – Sim.
ZH –
Esse tipo de visita é legal?
João Paulo – Sim. A maior autoridade na casa é o próprio. Se tinha a expectativa de que o rapaz morasse com o cidadão (Buchmann).
ZH – O procedimento é comum?
João Paulo – É comum, sim.
ZH – É comum procurar o parente de um investigado?
João Paulo– É comum procurar obter a colaboração da própria pessoa para se fazer a busca.
ZH – É comum buscar a colaboração da própria pessoa investigada ou de um parente? Foi procurado o pai do investigado.
João Paulo – Muitas vezes eu próprio fiz buscas. Chegava e dizia: “Preciso fazer uma busca na sua casa, se vocês não me autorizarem a busca, vou cercar a casa e buscar mandado”.
ZH – Por que não se foi à casa do investigado?
João Paulo – Não se sabia que morava em casa diferente (da do pai).
ZH – A Polícia foi à casa do presidente do Detran
achando que o filho investigado morava lá?
João Paulo– Não é uma investigação assim demorada. Foi uma informação que
chegou. Sabe como é droga. Se tu não checar na hora, pode não achar. O Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) recebeu a informação e foi checar.
ZH – A informação dizia que existia droga no endereço do presidente do Detran?
João Paulo – Com o investigado, mas não mencionava endereço.
ZH – Foi fornecido o nome do investigado?
João Paulo – Dava o nome.
ZH – Foi referido que era filho de Buchmann?
João Paulo – É.
ZH – Quando houve a denúncia?
João Paulo – No próprio dia da busca.
ZH – A Polícia imaginou que ele morasse com Buchmann?
João Paulo – O que é o normal. Não se sabia de todo esse contexto familiar (Fábio é fruto do primeiro casamento de Buchmann e não tem contato próximo com o pai).
ZH – Foram até a casa do presidente do Detran fazer buscas?
João Paulo – Exatamente.
ZH – Quem foi até lá?
João Paulo – Policiais do Denarc.
ZH – O senhor tem informações de que
uma pessoa ligada ao Piratini tenha ido ao endereço do presidente do Detran?
João Paulo – Não que eu saiba.
ZH – O Denarc vai primeiro ao local pedir licença para fazer buscas antes de pedir mandado?
João Paulo – Mas ninguém é ingênuo. Vai buscar o mandado, mas deixa alguém cercando a casa.
ZH – É comum esse procedimento no Denarc?
João Paulo – Isso eu não posso afirmar. Talvez nesse caso, especificamente, as circunstâncias tenham levado à condução dessa forma, mas não significa que seja comum.
ZH – Isso teria ocorrido dessa forma por envolver autoridade?
João Paulo – Não disse isso. Não conheço o conteúdo da denúncia. Estou supondo que as circunstâncias levaram a ser conduzido dessa forma.
ZH – O presidente do Detran diz que a visita visava a sugerir a ele que avisasse o filho sobre a prisão, numa tentativa de evitá-la.
João
Paulo – Não teria motivo para a polícia agir dessa forma. Se ele está pensando isso, interpretou da forma
errada.
ZH – O senhor não vê anormalidade nesse procedimento?
João Paulo– Em princípio, não.
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