| 07/07/2009 13h10min
Causou, segue causando e causará polêmica por algum tempo ainda a entrevista do novo homem forte do futebol gremista, Luiz Onofre Meira, no Bate-Bola da TVCOM. No domingo à noite, ele sentenciou: o Grêmio não permitirá que se crie uma "torcida profissional".
Com esta frase, Meira acendeu o estopim.
Recado direto à Geral, que no jogo contra o Atlético-PR encenou um protesto forte (foto), erguendo cartazes com letras de modo a formar frases como "Direção Omissa", os dois esses substituídos por cifrões.
A julgar por minha caixa de e-mails, Meira
mexeu em um abelheiro que vai continuar zunindo por muitas rodadas.
Integrantes da Geral se mobilizaram para explicar que os tais
cifrões nada têm a ver com a drástica redução dos subsídios. Como se sabe, a Geral apoiou e fez campanha na eleição presidencial para Antônio Vicente Martins, candidato de Paulo Odone.
Mas quem venceu foi Duda Kroeff. E o filho do patrono Fernando Kroeff endureceu com a torcida que canta sem parar e patrocina um belo espetáculo no Olímpico.
Com Odone, os ingressos nas mãos dos líderes da torcida eram fartos. Duda, escorado pelo Conselho de Administração, os reduziu. Os ônibus para viagens fora do Olímpico também minguaram, assim como as manifestações de apoio quando integrantes da Geral se metiam em alguma confusão. Duda os elogia, mas não os defende a todo instante.
Meira disse que integrantes da Geral recebiam gordos lotes de ingressos até para jogos no Olímpico, que dirá fora dele. Se os líderes os comercializassem, arrumariam bom dinheiro.
Um negócio e tanto, de fato. E onde há dinheiro fácil criam-se estruturas de poder. E
conflitos. E os problemas daí decorrentes, com
matizes violentos.
A meu juízo, a paixão do verdadeiro torcedor não pode estar condicionada a ingresso de graça, passagem de ônibus ou qualquer tipo de presente. Com o rabo preso pelo dinheiro, torcida vira claque. Se for assim não é paixão. É negócio. A paixão é incondicional.
Este princípio vale para a Geral do Grêmio, a Popular do Inter, a Mancha Verde do Juventude ou a Gaviões da Fiel do Corinthians. Tanto faz. Pelos e-mails que recebi, entretanto, os integrantes da Geral não querem mais saber de auxílio.
São sócios. Ficarão contentes se a direção apenas os ajudar na relação com a Brigada Militar, que volta e meia os castiga proibindo bandeiras, faixas e instrumentos musicais.
Se for isso mesmo, não custa nada aprofundar o diálogo entre dirigentes e torcida. Conversar é sempre o melhor caminho.
Mas só se for isto mesmo. Se houve, no protesto da Geral
do Grêmio, alguma nesga de retaliação política pela derrota nas urnas, aí vai ficar
difícil. Uma torcida importante assim não pode virar um partido dentro do clube e apoiar mais ou menos o time dependendo do presidente escolhido pelo voto direto.
Mas me parece que não é o caso. Então, se os dirigentes não pretendem dar subsídios e a Geral afirma que não os quer, que os dois lados trilhem o caminho da conciliação. Por que nada poderia ser pior neste momento do que uma briga fratricida no interior do Grêmio.
Leia os textos anteriores da coluna No Ataque.
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