Esportes | 01/07/2009 10h25min
A direção corintiana tomou todas as medidas possíveis para evitar o foguetório pela madrugada, que acabou não acontecendo. O supervisor Saulo Guimarães reservou dois hoteis em Porto Alegre: um próximo ao aeroporto, outro na Avenida Borges de Medeiros, perto do Beira-Rio e ao lado do local onde o Inter está hospedado. No primeiro, ficaram conselheiros, diretores e parentes dos jogadores. No segundo, na equipe e a comissão técnica. A estratégia não teria evitado os fogos de artifício, mas obrigaria a delegação colorada a sofrer junto, já que estariam dormindo a poucos metros dos corintianos.
No fim, a logística acabou não sendo necessária, pois um acordo entre a Brigada Militar e as torcidas do Inter garantiu que não haveria fogos de artifício na madrugada.
A ideia da comissão técnica corintiana era viajar de Curitiba a Porto Alegre apenas nesta quarta, horas antes da decisão contra o Inter. Porém, o clube considerou a estratégia arriscada, por causa do perigo de fechamento dos aeroportos devido à neblina.
Com a estratégia, o atual elenco do Corinthians tenta evitar o sofrimento da decisão do Brasileirão de 1976, também no Beira-Rio, vencida pelo Inter por 2 a 0. Além do foguetório na madrugada, os corintianos da época dizem ter sido recepcionados com inseticida no vestiário, ficado sem banho quente antes e depois do jogo, além de uma truculência desproporcional por parte de seguranças e da Brigada Militar.
Atual presidente do Corinthians, Andrés Sanchez tinha apenas 14 anos quando foi ao Beira-Rio escondido da mãe. Ele e outros 15 mil corintianos tiveram de sofrer ainda mais que os jogadores. Passaram fome, sede e um calor de quase 40º. Os bombeiros de Porto Alegre refrescavam os torcedores colorados por meio de um carro-pipa. Porém, quando passavam pelo lado corintiano, abaixavam a mangueira e os deixavam no sol.
Problemas que corintianos dizem ter enfrentado em 1976:
Água no hotel
Ao chegar no hotel, o presidente Vicente Matheus ficou desconfiado com a água. Houve ameaças de envenenamento também da comida. O almoço teria atrasado mais de uma hora e meia.
Tradicional foguetório
Na madrugada que antecedeu à final, torcedores do Inter fizeram plantão em frente ao hotel e soltaram rojões e morteiros às 2h, 3h e 4h da manhã. Só depois de muito tempo é que os funcionários do hotel resolveram chamar a polícia.
– Ninguém do nosso time conseguiu dormir direito. E olha que nós estávamos no sétimo ou oitavo andar – recorda o goleiro Tobias.
Vestiário batizado
De acordo com o ex-arqueiro do Timão, o vestiário dos visitantes não tinha a mínima condição de uso. Um cheiro forte provocado por inseticida impossibilitou a permanência da equipe no local.
– O segurança Caldeirão, o massagista Rocco e o roupeiro Toninho foram os primeiros a entrar no vestiário e e sentiram um cheiro forte, de produto químico – diz.
De acordo com Tobias, Vicente Matheus, além do cheiro, percebeu que havia um frango preto e velas acesas no local.
– Ele mandou que nós saíssemos de lá imediatamente e falou que não haveria jogo – conta.
A direção do Inter, então, teve de abrir o vestiário da equipe de juniores ao Timão.
Sofrimento da torcida
Como era jogo único, mais de 15 mil torcedores do Corinthians foram ao Beira-Rio. Os ônibus tiveram de ser deixados no Olímpico. Dentro do estádio colorado, truculência policial, falta de água e comida. Os banheiros permaneceram fechados, assim como torneiras d'água.
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