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Geral  | 30/06/2009 11h31min

Idosos são minoria entre os casos da nova gripe, mostram estudos

Doença infecta mais crianças e mata mais jovens adultos

A taxa de mortalidade da gripe A (inicialmente chamada de "gripe suína") é semelhante ao de uma gripe comum, mas uma coisa tem intrigado os médicos que acompanham a evolução da pandemia. O vírus parece, até o momento, atingir menos aqueles que os especialistas esperavam ser as suas maiores vítimas: os idosos. As informações são do site G1.

A maior parte das mortes pela doença tem ocorrido em jovens adultos, segundo dois estudos separados — um encomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e realizado por cientistas britânicos e outro feito por pesquisadores americanos e mexicanos. O primeiro foi divulgado no dia 19 na revista especializada Science. O segundo, nesta segunda-feira no New England Journal of Medicine.

Sempre que surge um novo vírus de gripe, os sistemas de saúde alertam sobre os riscos para os mais velhos. Ao lado das crianças menores de dois anos, as pessoas de mais idade são, em geral, as principais vítimas fatais desse tipo de vírus e também quem sofre mais com complicações respiratórias. É por isso, por exemplo, que o Ministério da Saúde oferece vacina contra a gripe comum para maiores de 65 anos gratuitamente todos os anos. A gripe A, no entanto, foge à regra.

— Uma das coisas que mais chamam a atenção neste vírus é que, ao contrário da gripe sazonal, ele não tem infectado tanto as pessoas mais velhas. A maioria das infecções atinge crianças e a maior parte dos óbitos ocorre em jovens adultos — explicou o infectologista Christophe Fraser, do Imperial College, de Londres — coautor do estudo da OMS.

Isso não significa, é claro, que os idosos são imunes à gripe. Há casos de pessoas mais velhas infectadas, mas eles são minoria. A vigilância e os cuidados precisam ser mantidos, principalmente por que a gripe comum e a nova gripe são prevenidas da mesma maneira e a gripe comum tem mortalidade alta entre os mais velhos.

É difícil obter números fechados sobre as mortes, por que a doença segue avançando e os cientistas conseguiram analisar até agora apenas os números iniciais da pandemia. Mas os dados levantados por pesquisadores da Universidade do Arizona, nos EUA, e do Ministério da Saúde do México mostram a mesma coisa do estudo da OMS: a maior parte das mortes ocorreu entre pessoas com idades entre 5 e 59 anos — 87% dos 2.155 casos de contaminação (com 100 mortes) levantados pelo grupo. Para comparação: apenas 17% das mortes por gripe comum entre 2006 e 2008 foram de pessoas nessa faixa etária.

O mesmo está sendo observado no Brasil. A única pessoa a morrer de gripe A no país até agora é um caminhoneiro gaúcho de 29 anos.

— A gripe tem acometido pessoas mais jovens do que seria esperado — afirma Antônio Barone, do Hospital das Clínicas de São Paulo, responsável pelo plano de contingência para a gripe A do hospital.

O motivo ainda é um mistério.

— É difícil saber a razão por que ainda há muita incerteza sobre o número de pessoas infectadas que não estão doentes o suficiente ou que não foram testadas, e que, por isso, não foram contabilizadas — diz o médico britânico.

O brasileiro segue o mesmo raciocínio:

— Não podemos afirmar nada enquanto não estudarmos mais esse vírus.

A equipe da universidade americana levanta a possibilidade dos mais velhos estarem mais protegidos por terem sidos expostos na infância ao vírus da pandemia de 1957. Nada disso, no entanto, foi comprovado.

Mortalidade

De acordo com a pesquisa da OMS, a mortalidade média da gripe A gira em torno de 0,4%. Isso é muito próximo da letalidade da gripe comum que, segundo o Ministério da Saúde brasileiro, é de 0,5%. Mas Fraser explica que essa taxa pode ser ainda menor para a gripe A:

— Não sabemos quantas pessoas estão infectadas mas não notificaram os sistemas de saúde e, portanto, não foram contabilizadas. Nos Estados Unidos, por exemplo, acreditamos que existam cerca de 10 a 100 casos não-detectados para cada um confirmado. Isso é importante por que se existirem tantos casos não-contabilizados, a taxa de mortalidade pode estar bem abaixo dos 0,2%.

Isso está de acordo com o que os médicos brasileiros estão observando.

— Por enquanto, temos uma morte para cerca de 600 casos, o que é um pouco abaixo da mortalidade da gripe sazonal [a comum] — afirma Barone.

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