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 | 20/06/2009 05h10min

Assis pode ser o Delcir Sonda do Grêmio?

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br



Foto: Arquivo Pessoal













Está aberto o caminho para a volta de Ronaldinho ao Grêmio. O presidente Duda Kroeff, contrariando boa parte da torcida e de conselheiros, recebeu em seu gabinete Assis (na foto, os irmãos com o troféu de melhor do mundo de 2005), irmão do jogador mais talentoso urdido na Azenha. Ele entrou pela porta da frente, como convidado especial de Duda. É o que conta o repórter Leandro Behs, na versão impressa de ZH deste sábado.

Atitude corajosa e inteligente, esta do presidente do Grêmio. Não que Ronaldinho vá abandonar suas férias em Porto Alegre e correr para o Olímpico, disposto a treinar e jogar de graça, rasgando o contrato até 2011 com o Milan. Ronaldinho não vai voltar agora. É algo para mais adiante.

Mas nada impede que Assis se torne, desde já, investidor do Grêmio.

Algo assim como faz o Inter com Delcir Sonda, o dono de uma rede de supermercados que ajudou a trazer Nilmar, D'Alessandro, Kleber e Bolãnos. Assis tem dinheiro. Construiu uma vasta rede de contatos no mundo todo. Em 2006, entrevistei Ronaldinho em sua casa de Barcelona e vi Assis ao telefone falando em francês, espanhol e inglês com dirigentes de três clubes diferentes. Depois, para provar que não atendia dezenas de ligações por absoluta impossibilidade, mostrou o celular: 36 chamadas na espera. Isso em questão de meia hora, talvez até menos. É um empresário de sucesso, dono de um time de futebol, o Porto Alegre, que disputa a segundona gaúcha. Sem falar em outros negócios.

Se o Grêmio souber negociar com Assis, pode colher bons frutos desta parceria.

Após quase nove anos da conflituosa saída de Ronaldinho do Grêmio, estava faltando um ato de tolerância como o de Duda. Se, na época, o então presidente José Alberto Guerreiro tivesse admitido que a entrada em vigor da nova lei do passe incluía o vínculo de Ronaldinho, tudo teria sido diferente.

Assim que o primeiro raio de luz da genialidade de Ronaldinho iluminou o Olímpico — depois do Gre-Nal dos elásticos e balõezinhos em Dunga, por exemplo, na final do Gauchão de 1999 — bastava dar a ele um aumento comparável ao seu talento em troca da prorrogação de contrato. E também um percentual do vínculo com o clube.

Foi o que o Santos fez com Robinho, lucrando uma fortuna ao vendê-lo para o Real Madrid. O próprio Grêmio rendeu-se ao mundo real e adotou esta postura com Anderson, Lucas e Carlos Eduardo. Só não agiu assim com Ronaldinho, deixando-o ganhando menos da metade dos salário de Astrada e Amato em fim de carreira.

Quase uma década depois, não importa mais examinar de que lado estava a razão.

O fato de Assis aceitar o convite de Duda indica que os Moreira aceitam passar uma borracha por cima do maus bocados que a família passou na época. No auge da histeria, Ronaldinho foi acusado até de atirar uma bergamota em uma criança, agora vejam se é possível.

Na outra ponta, se Duda franqueou os salões do Olímpico a Assis e Ronaldinho, ele sinaliza disposição para esquecer a perda do seu gênio sem ressarcimento. E de trabalhar este sentimento junto ao torcedor, ainda bastante magoado.

O primeiro gesto, o da tolerância, está dado. É bom começo.

Leia os textos anteriores da coluna No Ataque.

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