| 15/06/2009 05h10min
Foto: Valdir Friolin, 11/11/2008
Terminado o jogo no Maracanã, ontem, empate alvissareiro em 0 a 0 por conta do bom desempenho do novo esquema, o 4-4-2, uma dúvida passou a me intrigar. O que o Grêmio pretende, de verdade, com Douglas Costa?
Quando o jovem talento gremista de 18 anos entrou em campo aos 17 minutos do segundo tempo um episódio estranho aconteceu.
Douglas parecia só ter dois caminhos diante de si: luz ou escuridão. Céu ou inferno. Ou resolvia tudo sozinho, como se fosse um Ronaldinho dos velhos
tempos, indo para cima e marcando o gol espetacular da vitória, ou restaria provado: ele, Douglas, ainda não está pronto, não é participativo e,
talvez, não passe mesmo de mais uma promessa incapaz de se cumprir.
Então, Douglas entrou correndo por aqui, por ali, dando carrinho, cercando, querendo mostrar a sua taxa de participação ao time. Jogou mal. Operou alguns movimentos e, com dois cartões amarelos, foi expulso ao tentar ajudar na marcação. Depois disso, no vestiário, a crucificação. Culpado, eis a sentença.
O experiente Tcheco foi muitas vezes expulso em sua trajetória no Grêmio. Jonas já recebeu dois cartões vermelhos este ano. Joílson, logo na estreia, deixou o time na mão contra o Atlético-MG, no Mineirão. Mas só quando chegou a vez de Douglas errar os discursos de moralização vieram.
Tudo o que não pode acontecer com um jovem talento são cobranças em demasia. Ele precisa assumir reponsabilidades? Claro que sim: o futebol é um esporte coletivo. Não é tênis ou golfe.
Mas se o Grêmio tem mesmo a crença de que possui em casa um futuro
craque, precisa dar a ele o direito de errar. Se Jonas, Alex
Mineiro, Perea, Reinaldo e outros tantos tiveram o direito ao erro — e o exerceram na sua plenitude — por que Douglas não recebe o mesmo tratamento? Por que a condenação sumária ao ser expulso?
Disse mais de uma vez e repito. O Grêmio não tem dinheiro para contratar reforços capazes de dar confiança ao torcedor. Agora mesmo, precisa vender o volante Thiago Dutra para manter Souza. Então, por que não apostar em Douglas, se da CBF e de vários cantos do mundo surgem elogios ao seu futebol?
Temo que, depois do Maracanã, Douglas Costa vá receber outra chance só às vésperas da Copa de 2014. Souza, logo ao fim da partida, ressaltou que o time não pode terminar com um a menos. Não agiu assim com Joílson ou Jonas. Não digo que tenha agido de má fé. Mas o fato é que, das outras vezes, ele calou.
O Grêmio precisa decidir de uma vez por todas o que pretende com Douglas Costa.
Do contrário, vai perdê-lo. E,
pior: vai perdê-lo sem saber qual o tamanho de seu futebol.
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