| 11/06/2009 05h20min
Foto: Ricardo Moraes, AP
A Seleção venceu o Paraguai de virada por 2 a 1 no Recife, isolou-se na liderança das Eliminatórias Sul-Americanas com 27 pontos, entrou na sala de embarque rumo ao Mundial de 2010 e viaja hoje para a Copa das Confederações, na África do Sul, entre bocejos de tranquilidade. Pergunto: pode haver algo mais importante do que tudo isso? A resposta é: sim.
Ontem, o técnico Dunga deu indícios claros de que há espaço para ajustes que privilegiem o talento e a renovação com os jovens
emergentes do futebol brasileiro.
Trata-se de uma grande notícia. Além do espírito coletivo e do lado operário que Dunga cristalizou com méritos na Seleção Brasileira, para pensar no Hexa contra Alemanha, Itália, Espanha ou mesmo Argentina é preciso apostar também no talento individual.
Não se pode abrir mão do talento individual em um futebol como o nosso. E Dunga agiu bem neste aspecto no Estádio do Arruda.
Se alguém imaginou, por exemplo, que a escalação de Nilmar poderia ser implicância com Alexandre Pato, mudou de idéia a 29 minutos do segundo tempo. O capitão do Tetra retirou Nilmar (foto), que ontem assinou em definitivo a volta por cima em sua carreira de forma comovente com o gol da vitória por 2 a 1. Um gol emblemático: graças a ele, pode-se dizer que o Brasil já está na Copa de 2010.
Pato teve 20 minutos para jogar.
Ótimo.
A entrada de Pato prova que Dunga não desistiu do único jogador do grupo com
potencial para tornar-se um gênio da área feito Ronaldo Nazário. Ao colocá-lo em campo mesmo com a boa atuação do ataque de Nilmar e Robinho, o técnico disse algo como "eu não esqueci dele, gente".
Dunga foi além. Antes da metade do segundo tempo, retirou o opaco Elano e deu chance ao contagiante e talentoso Ramires.
A Seleção melhorou. O Paraguai se abriu e ofereceu o contra-ataque, é verdade, mas sua movimentação ofereceu outra dinâmica ao time. Ramires se aproxima da área. A rigor, é um meia. Aos 22 anos, já marcou 27 gols pelo Cruzeiro. Média alta para um volante de origem. Elano tem o seu valor, mas já se sabe até onde vai. Ramires, não. Seu futebol só tende a crescer até 2010.
A sinalização oferecida por Dunga com Pato e Ramires deve ser motivo de esperança também para craques consagrados que ficaram de fora da Copa das Confederações. Contra o Paraguai, o técnico deixou claro que pode, sim, promover
ajustes no time para agregar talento ao modelo
tático bem definido que estabeleceu.
Assim, nada impede que Ronaldinho ou Adriano retomem suas carreiras e retornem à Seleção para a Copa. Foi uma noite de boas notícias para o torcedor brasileiro. Para muito além do resultado.
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