Atual campeão mundial de Fórmula-1, o inglês Lewis Hamilton, da McLaren, disse nesta sexta que se sente como um preso que não cometeu nenhum crime. O piloto lamentou as acusações sobre mentiras e espionagem envolvendo ele e a equipe nos últimos meses.

– Tenho uma sensação similar à de qualquer pessoa que vai à prisão, mas sente que não deveria estar atrás das grades. Esta é a sensação que tive, embora sei que o que ocorreu na Austrália foi um erro – afirmou o piloto, em entrevista ao site do jornal britânico The Times.

A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) puniu a McLaren com três corridas de suspensão pelas ordens dadas a Hamilton para que o inglês deixasse o italiano Jarno Trulli, da Toyota, ultrapassá-lo com o safety car na pista, durante o Grande Prêmio da Austrália.

As gravações das conversas entre equipe e piloto demonstraram que as ordens realmente existiram, o que levou os comissários a eliminá-lo da corrida. Mais tarde, o Conselho Mundial da FIA decidiu suspender a punição, que só seria aplicada em caso de reincidência.

O caso, junto ao da espionagem contra a Ferrari – pelo qual a McLaren teve que pagar uma multa milionária e ficou fora do Mundial de Construtores de 2007 –, fez com que Hamilton mostrasse certa decepção pelo excesso de política na Fórmula-1.

– Quero ser um piloto. Não estou neste esporte para ser um político. Costumava aproveitar a F-1 e me tiraram parte disso. Nunca imaginei que haveria tanta política quando cheguei aqui. Foi um choque – destacou.

O campeão do mundo reconheceu que esta é a forma como a F-1 funciona. Ele disse sentir saudades das categorias inferiores, nas quais todos estão preocupados apenas em correr e as equipes não têm outro interesse. Hamilton assegurou que todos estes episódios fora das pistas não afetaram sua atitude dentro delas.

– Não permitirei que nada afete minha forma de pilotar, mas isto afeta a vida, sua maneira de ser – finalizou.