| 25/03/2009 15h10min
O clicEsportes resolveu colocar Fabio Koff e Fernando Carvalho frente à frente num duelo Gre-Nal de dirigentes campeões do mundo. O que um perguntaria para o outro? Que trocas de informações, opiniões e experiências esses dois dos maiores dirigentes do futebol gaúcho teriam para trocar e revelar? Prova do valor desses dirigentes é o reconhecimento e a homenagem prestada no Gauchão, cujos turnos chamam-se Taça Fernando Carvalho e Taça Fabio Koff.
Koff, atualmente presidente do Clube dos 13, era o mandatário tricolor em 1983, ano do título mundial gremista, e aproveitou a oportunidade para colocar Carvalho, que teve o mesmo êxito em 2006, quando faturou com o Inter o Mundial de Clubes, na parede.
O resultado você confere logo abaixo, nesse "bate-bola" de perguntas e respostas entre os dois.
De Carvalho para Koff
Fernando Carvalho – Sendo um dos maiores dirigentes da
história do futebol brasileiro, tendo convivido no vestiário do Grêmio em
várias temporadas e no vestiário da Seleção Brasileira (quando foi chefe de delegação) na Copa de 1998, qual a grande diferença entre um e outro?
Fabio Koff – São situações em funções completamente distintas. A chefia da delegação da Seleção Brasileira implica tão somente em atividade políticas. Ao contrário, a presença do dirigente do clube, seja ele presidente ou responsável pelo departamento do futebol, no vestiário deve ser constante e atuante.
Carvalho – Na tua visão, qual a importância do dirigente, nas decisões de vestiário, visando a conquista de títulos?
Koff – És um dirigente que conquistou as maiores vitórias para teu clube. Tens experiência suficiente para saber que o que ocorre no vestiário é de responsabilidade total do dirigente. Por isto, sua presença é indispensável e fator preponderante no que vai ocorrer dentro do vestiário e depois no campo de jogo. Esta é a diferença fundamental entre o dito “cartola”
e o competente dirigente de futebol.
Carvalho – Qual a expectativa e o teu sentimento com o desfecho da Copa Fabio Koff e a possibilidade de entregar a taça da competição a outro clube que não o Grêmio?
Koff – Confesso que entregar uma taça com o meu nome para um clube que não seja o Grêmio é missão não muito confortável. Mas a distinção e a honra que foi concedida pelo futebol gaúcho superam qualquer desconforto. Assim entregarei a taça a quem for o vencedor.
Carvalho – É mais difícil presidir um grande clube como o Grêmio, ou as necessidades e cobranças que são realizadas ou o Clube dos 13, associação que congrega os 20 maiores clubes dos Brasil?
Koff – Para presidir um grande clube como o Grêmio, não se exige só competência, mas também uma carga de sacrifício e de enorme emoção. Preside-se o Clube dos 13 como executivo de uma empresa e com enorme capacidade de transigência e jogo político. Não é fácil superar as divergências
entre os clubes, as distinções regionais e as
diferentes expectativas de cada um. “Tem que ter jogo de cintura”.
Carvalho – Ao longo de sua gestão no Clube dos 13, qual o crescimento ensejado ao principal contrato mantido pelo clube, que é o ajuste com a Rede Globo?
Koff – Não há segmento ou produto no Brasil que tenha crescido mais do que o futebol nos últimos 10 anos. Exemplificamos com o contrato de televisão, que, quando assumi o Clube dos 13, proporcionava uma receita de R$ 10,8 milhões. Hoje, esta receita aproxima-se de R$ 500 milhões ao ano, com a perspectiva de nos próximos dois anos ter aumento acentuado, em face do crescente número de assinantes do pay-per-view e abertura de novas janelas de exploração de imagens por TV, internet e telefonia.
De Koff para Carvalho
Fabio Koff – Tu te consideras um “cartola”?
Fernando Carvalho – A palavra cartola para identificar um
dirigente de futebol surgiu como forma de adjetivar respectivamente aos presidentes,
vice-presidentes e diretores de clubes, e hoje, é utilizado também para pessoas militantes em outras modalidades esportivas. Na época do surgimento da expressão, eram identificados como tal os dirigentes que se locupletavam do futebol, que utilizavam o cargo para proveito pessoal, que usavam a visibilidade concedida a quem milita no futebol para aparecer e assim por diante. Como acho que não sou portado dessas características (para cuja conclusão me anima invocar o testemunho da comunidade esportiva gaúcha), não me julgo um cartola na definição pejorativa acima.
Koff – Afora os jogos do Inter, tens o hábito de acompanhar jogos e campeonatos de outros estados e países pela TV?
Carvalho – Sim. Costumo assistir a todos os jogos transmitidos, principalmente de certames com participação do meu clube, para avaliar adversários e também partidas onde existam atletas para observação. Campeonatos europeus, assisto em bem menor escala, somente quando não
existe outra alternativa; outro
elemento que também me mobiliza a assistir jogos europeus é a participação de atletas que já foram do Inter.
Koff – Tu achas que a sorte e o imponderável são fatores a serem considerados no resultado de uma partida de futebol?
Carvalho – Com certeza o resultado de um campeonato inteiro é fruto de trabalho, planejamento, processo de gestão, sistema de administração. Todavia um jogo apenas, pode ter seu resultado imponderável, porém raramente.
Koff – Sendo um esporte coletivo, qual a importância do treinador numa equipe de futebol?
Carvalho – O trabalho do treinador é de suma importância para obtenção de resultados positivos, contudo ele deve ser inserido dentro de um contexto de comissão técnica, sendo uma peça da engrenagem. Sua importância pode ser mensurada pela seguinte colocação: um grande treinador sozinho não obtém resultados favoráveis. Um mau treinador mesmo inserido nesse
ambiente de múltiplas funções coloca tudo a perder.
Koff – Em 2010 haverá eleição para presidente do Internacional e para presidente do Clube dos 13. Cogitado para os dois cargos, qual a tua opção?
Carvalho – Para inicio de resposta, desconheço que haja essa dupla cogitação em relação ao meu nome. Em resposta, assinalo ser muito cedo para cogitar qualquer das alternativas pois ambos os pleitos se ferirão ao final de 2010.
Koff e Carvalho: debate sobre as funções dentro dos clubes
Foto:
Júlio Cordeiro (foto de Fábio Koff) e Mauro Vieira (foto do Fernando Carvalho)
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