| 06/03/2009 11h33min
O ex-zagueiro e capitão do Juventude Antônio Carlos Zago conversou, nesta quinta, com o Pioneiro e comentou sobre sua saída do cargo de diretor-técnico do Corinthians. Segundo ele, o pedido de demissão nesta terça-feira esteve mais relacionado a divergências com o treinador Mano Menezes do que com a polêmica sobre a ida a uma boate com o atacante Ronaldo, o Fenômeno, na madrugada da última sexta-feira.
Antônio Carlos alegou que só foi à casa noturna para tentar convencer o jogador a seguir para a concentração, o que não conseguiu. Na quinta-feira da semana passada, Antônio Carlos convidou o grupo do Corinthians para um churrasco de confraternização em sua casa em Presidente Prudente (SP). A comissão técnica deu folga aos jogadores até as 23h daquele dia, quando deveriam se reapresentar no hotel onde estavam hospedados.
Ronaldo, que estreou pelo Timão na quarta-feira à noite pela Copa do Brasil, estendeu a festa até as 5h30min. Ele não treinou com os demais atletas pela manhã e acabou multado pela diretoria. Com a repercussão do caso, Antônio Carlos se demitiu do clube onde estava havia 15 meses.
Pioneiro - Qual a sua versão sobre esse episódio da semana passada após a confraternização entre os jogadores na sua residência?
Antônio Carlos - O Ronaldo (depois da confraternização) acabou numa boate a uma certa hora da noite. Eu tentei convencê-lo a voltar para a concentração. E associaram minha presença junto à do Ronaldo nessa boate. Foi uma coisa que tentei ajudar e acabei pagando por aquilo que aconteceu.
Pioneiro - O que você conversou com o Ronaldo?
Antônio Carlos - Isso aí não vem ao caso, faz parte do passado. É um episódio que quero esquecer.
Pioneiro - Não teve como contornar a situação, tentar manter esse projeto vencedor do Corinthians?
Antônio Carlos - Essa questão do Ronaldo (ida à boate) não foi o maior
motivo para eu pedir a demissão. Tenho um bom relacionamento com o Mano, mas eu e ele temos
algumas ideias que não batem e algumas divergências. Foi uma somatória de tudo o que aconteceu. Eu pretendia encerrar o projeto, que vai até o final do ano que vem. Mas se eu ficasse até lá eu iria sair do mesmo jeito. Pois tenho vontade de ser treinador de futebol.
Pioneiro - Você acompanhou a estreia do Ronaldo?
Antônio Carlos - Assisti. A condição física dele não é a ideal ainda, até porque falta ele perder uns quatro quilos. Mas é um jogador diferenciado. Tem tudo para ser um jogador superior aos demais, aqui do Brasil, mas claro que não será aquele de cinco ou seis anos atrás.
Pioneiro - Você acredita que essas questões extracampo atrapalham e recuperação?
Antônio Carlos - Qualquer jogador sai à noite, toma sua cervejinha e, no outro dia, cumpre com suas obrigações. O que faltou foi ter voltado no horário para o treinamento. As pessoas com quem ele sai, fora do ambiente de trabalho, não é
de interesse do treinador. O que interessa é como ele está
rendendo dentro de campo.
Pioneiro - Houve convite para você treinar o Figueirense ?
Antônio Carlos - Sim, houve. Tivemos uma conversa. Mas eu tenho de me preparar melhor, me organizar melhor. Até porque, quando encerrei minha carreira como jogador, botei em mente que iniciaria meu trabalho como treinador. Só que nesse meio tempo apareceu o convite do Corinthians para trabalhar como diretor de futebol. Acabei aceitando porque o presidente (do Corinthians, Andrés Sanchez) é meu amigo há muito tempo. Então, nesse meio tempo eu deixei de lado as coisas que tinha guardado durante minha carreira, uma planilha de treinamento que fiz, deixei praticamente tudo bagunçado. E, para ser treinador de futebol, tenho de me organizar melhor, tenho de arrumar um auxiliar, um preparador físico.
Pioneiro - O que você planeja para os próximos meses?
Antônio Carlos - Em um mês pretendo botar tudo em dia, fazer um
planejamento em relação a treinos e métodos.
Pioneiro - Como você avalia o projeto com o Corinthians nesses 15 meses?
Antônio Carlos - Foi um excelente trabalho, porque quando cheguei no Corinthians não tínhamos nem sala de musculação. Hoje, o clube conta com piscina dentro do vestiário, fisioterapia toda nova. O vestiário é todo novo, tem cozinha para o café da manhã e lanche da tarde. Esse foi um grande passo que o Corinthians deu no ano passado. Além do time, claro. Montamos um bom time no início de 2008, conseguimos melhorá-lo no meio do ano, chegando ao vice-campeonato da Copa do Brasil, ganhamos tranquilamente a Série B. E temos este ano um time considerado pela imprensa como um dos quatro melhores do Brasil. Passei praticamente todos os dias dentro do Corinthians, inclusive sábados e domingos, sempre ajudando a melhorar a estrutura do departamento de futebol.
Pioneiro - Como se deu a negociação para a formação do elenco e qual sua relação com o técnico Mano Menezes?
Antônio
Carlos - No ano passado
tínhamos o problema de falta de dinheiro. Os jogadores vieram por um salário inferior ao de alguns clubes onde estavam jogando. Tenho um bom relacionamento com vários jogadores do futebol brasileiro. O Mano Menezes veio para o Corinthians devido a uma imposição minha. Eles (direção do clube) estavam tentando contratar o Wanderley Luxemburgo. E eu achava que o Mano tem o perfil ideal para o projeto que tínhamos. Contribuiu muito para esse retorno à série A. É um excelente treinador.
Antônio Carlos destaca que Ronaldo tem tudo para se diferenciar em relação aos demais
Foto:
Guilherme Jr., EFE
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