| 02/02/2009 19h12min
A disputa pela liderança da bancada do PSDB na Câmara dos Deputados está dividindo os parlamentares e pode rachar a legenda num momento estratégico que antecede a escolha do candidato que irá disputar as eleições presidenciais de 2010.
Menos de 10 dias depois de o governador José Serra (PSDB) ter acertado as arestas da legenda em São Paulo, com a escolha de Geraldo Alckmin (PSDB) para compor seu secretariado, os 57 deputados federais da sigla iniciam um novo embate, desta vez em Brasília. A briga se dá em torno da tentativa de mudança no estatuto interno para permitir a reeleição do atual líder, José Aníbal (SP), expediente vetado pelas atuais regras.
Os aliados de Aníbal informam ter as assinaturas necessárias para mudar o estatuto e manter o líder no cargo na eleição prevista para quarta-feira. Já os opositores, que representam cerca de 40% da bancada — dentre eles os que pleiteiam essa liderança, como os deputados Paulo Renato (SP), Emanuel Fernandes (SP),
Gustavo Fruet (PR) e
Zenaldo Coutinho (PA) —, alegam que não vão aceitar nenhuma mudança no estatuto e, se Aníbal for reconduzido, a bancada vai rachar.
O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), recebeu hoje uma comissão de deputados tucanos descontentes com a tentativa de mudança no estatuto — a maioria ligada ao governador Serra. Ao saber da disputa interna na bancada, pediu que os próprios deputados buscassem consenso.
— Há 20 anos não temos uma briga desse nível, resultado de um comportamento não democrático dos que querem mudar o estatuto no tapetão. Se eles (grupo pró-Aníbal) vencerem, o racha vai se instalar na bancada, um racha desnecessário —, afirma um dos parlamentares, que defende a manutenção das atuais regras.
O vice-líder tucano na Câmara, Duarte Nogueira (SP), membro do grupo pró-Aníbal, classificou os colegas descontentes como "uma meia dúzia que está tentando ganhar alguma coisa no grito". Segundo Nogueira, isso não vai acontecer:
— Ninguém vai ganhar nada no
grito na bancada e, sim, dentro do consenso e da maioria.
Reunião
Nogueira minimizou ainda a ida dos tucanos descontentes ao presidente da legenda, Sérgio Guerra, e disse ter ouvido dele que a proposta da mudança no estatuto partidário para a manutenção de Aníbal deve ser ratificada com votos internos suficientes para a aprovação.
— O presidente Sérgio Guerra me disse pessoalmente que defende o entendimento e que seja manifestada a vontade da maioria. Prevalecerá assim a maioria — emendou.
Para tentar abafar a crise, a bancada, ou parte dela, irá se reunir hoje à noite na casa do deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), em Brasília.
— Já existem assinaturas para alterar o estatuto e a ideia é fazer dentro de um consenso, sem o enfrentamento acirrado —, explicou Nogueira, que confirmou o convite aos 57 parlamentares tucanos.
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