| 17/01/2009 07h17min
A curva em que o ônibus do Brasil de Pelotas tombou antes de despencar em um barranco tem sido traiçoeira para os motoristas que entram da RSC-471 para a BR-392. Desde 2006, conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram 12 acidentes no local, quase todos iguais.
A tragédia foi quase um replay de um acidente registrado em 18 de julho de 2006, quando um ônibus que seguia do Paraguai em direção a Jaguarão não venceu a curva. Duas pessoas morreram e 26 ficaram feridas, a poucos metros do acidente de quinta-feira. Para policiais e especialistas, o problema está no ângulo da curva.
– Quem entra a mais de 40 km/h tem dificuldade para fazer o contorno – observou Mário Zanini, chefe substituto da 7ª Delegacia da PRF.
Ainda na RSC-471, há placas indicando a necessidade de reduzir a velocidade para 60 km/h e depois para 40 km/h. Para o policial, no entanto, elas são insuficientes:
– Há necessidade de placas mais chamativas,
indicando que a curva é perigosa, e redutores de
velocidade.
O motorista do ônibus, Wendel Vergara, teria dito aos investigadores da Polícia Civil que estava a 50 km/h ao entrar na curva. Ele irá depor na segunda-feira. O excesso de velocidade no trecho é a principal hipótese para a saída da pista, de acordo com o delegado de Canguçu, Félix Fernando Rafanhim.
Outra possibilidade é que a curva não tenha inclinação suficiente para o veículo contorná-la com segurança. Isso será avaliado por técnicos do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem, que também irão estudar eventuais mudanças na sinalização.
Mauri Panitz, engenheiro de tráfego que esteve no local há um mês, acredita que a sinalização deve ser melhorada:
– É uma estrada deserta, que favorece o excesso de velocidade. O motorista não se dá conta da curva. É preciso reforçar a sinalização quando o local é perigoso.
Ontem, em Pelotas, a governadora Yeda Crusius anunciou que o cruzamento será incluído no
programa de recuperação de intercessões com altos índices de
acidentes.
ARNALDO CRUZ, DONO DA BOSEMBECKER TURISMO, EMPRESA DO ÔNIBUS ACIDENTADO |
“Ele (o motorista Wendel Vergara) disse que vinha tranquilo a uns 80 km/h quando reduziu as marchas para fazer a curva. Ele falou que a curva não tem sinalização suficiente e é muito fechada. Conseguiu diminuir para 50 km/h. Disse que puxou, mas não conseguiu vencer. Ele conhece tudo de ônibus e é um bom motorista. Ainda é muito cedo para apontar erros, temos que avaliar a situação.” |
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