| 16/01/2009 04h18min
Entre as mortes causadas pelo acidente ocorrido no fim da noite de quinta-feira com o ônibus do Brasil, de Pelotas, a que causa maior comoção é a do uruguaio Cláudio Milar. Ídolo da torcida que se autoproclama a mais apaixonada do Estado, Milar fez mais de cem gols com a camiseta do Brasil. Na maioria deles, comemorava imitando o símbolo do clube — o índio xavante — atirando uma flecha para as arquibancadas.
• Confira o blog do Cláudio Milar
Milar arrebatou a torcida em 2004, quando o time se preparava para disputar a segunda divisão do Gauchão. Na pré-temporada, o time disputou o Campeonato Citadino, contra as equipes do Pelotas e do Farroupilha. Os jogos eram todos disputados na Boca do Lobo, casa do rival Pelotas, então na primeira divisão. O Brasil amargava o sexto ano fora da elite do futebol estadual.
Relembre o centésimo gol de Milar pelo Xavante:
Já nos seus primeiros minutos em campo, Milar demonstrava obstinação em ajudar a retirar o Brasil da situação incômoda. Tinha uma habilidade incomum no interior em avançar pela lateral, atingir a linha de fundo e, com dribles curtos, se aproximar do gol. Se não finalizava, servia uma bola perfeita para um companheiro no meio da grande área. Milar já era ídolo quando foi expulso na partida final, ainda no primeiro tempo. Naquele jogo, com dois a menos, o Brasil derrotou o rival Pelotas na prorrogação, depois de empatar em 2 a 2 no tempo normal. Os torcedores não cansam de reprisar as imagens daquela noite no YouTube.
A conquista serviu como fundação para o grupo de 2004, do qual Milar era
um líder. Foi artilheiro da Segundona daquele ano, ajudando o Brasil a retornar à primeira divisão. Desde então, os xavantes torceram para Milar até quando ele deixou de jogar pelo Brasil. O atacante teve uma passagem pela Polônia, e seus gols da época também são sucesso de audiência entre os xavantes conectados (assista a um deles). Em uma partida no Bento Freitas, é possível avistar alguém com uma camisa do Pogon em meio às rubro-negras.
Em seguida, Milar retornou e, nesse tempo, fez cem gols pelo Brasil, completou 200 partidas oficiais, viu seu rosto pintado em uma bandeira sempre pendurada no alambrado do estádio, levou seu pai para ser preparador físico do time e criou raízes em Pelotas, onde morava com a família — tinha até cidadania brasileira. Só não conseguiu realizar o sonho de subir à Série B do Brasileirão, objetivo do
qual chegou perto nas campanhas de 2006 e 2008.
Aos 34 anos, deixa mulher, Caroline, e um filho de três anos, Agustín.
Nome: Roberto Claudio Milar Decuadra
Nascimento: 06/04/1974, em Chuy (Uruguai)
Trajetória:
1991/1997 - Nacional (URU)
1997 - Godoy Cruz (ARG)
1998 - Caxias
1999 - Portuguesa Santista, Santa Cruz-PE
2000 - Náutico (PE) e futebol suíço
2001- Club Africain (TUN), Botafogo-RJ
2002 - LKS (POL), Pelotas
2002/2003 - Brasil-Pe
2003/2004 - Hapoel Far Saba (ISR)
2004/2005 - Brasil-Pe
2005/2006 - Pogon-POL
2006/2009 - Brasil-Pe
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