| 30/12/2008 19h01min
Os corredores quenianos podem sofrer mais uma restrição a partir do próximo mês. A exemplo do que já acontece na Europa e nos Estados Unidos, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) estuda limitar o número de competidores do Quênia em provas de rua no território nacional.
A medida deve ser aprovada na primeira Assembléia Geral da CBAt, programada para 24 de janeiro. Trata-se, na verdade, de um pedido dos atletas brasileiros, indignados por estarem perdendo espaço e premiações ao longo do ano.
– Não só sou a favor como assinaria agora um documento para que isso passe a valer. O Brasil virou Quênia! Acho que eles podem e devem participar, mas com limitações. Hoje em dia, qualquer prova que premie até com cestas básicas tem quenianos disputando e tirando comida do brasileiro – afirmou Franck Caldeira, campeão pan-americano da maratona e vencedor da São Silvestre em 2006.
Um dos principais nomes da história do atletismo brasileiro, Vanderlei Cordeiro de Lima também apóia a medida.
– Acho que a participação de estrangeiros é importante para os atletas melhorarem o nível técnico, mas tem que ter critério, assim como no Exterior – argumenta Cordeiro.
Trabalhando com quenianos há 12 anos e um dos principais responsáveis pela difusão dos africanos nas competições nacionais, o técnico Moacir Marconi, conhecido como Coquinho, demonstra irritação com a proposta e com as justificativas dos defensores da medida.
– Um profissional deve saber ganhar e perder. Quem não está preparado, que vá fazer uma universidade. Ganhar assim é como ganhar no tapetão – comenta o treinador. – É o mesmo que tirar o Brasil do futebol – compara.
Os atletas do Quênia, por sua vez, evitam entrar em polêmica.
– Todos aqui no Brasil são muito bons, gostam dos quenianos e as provas são bem organizadas. Me sinto como se estivesse no Quênia – resume Evans Cheruiyot, último vencedor da maratona de Chicago e principal nome da São Silvestre 2008.
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