| 10/12/2008 11h48min
Um possível retorno à Seleção Brasileira foi um dos principais motivos que levaram o atacante Ronaldo a acertar com o Corinthians, segundo o diretor técnico do clube, o ex-zagueiro Antônio Carlos. Para ele, a vontade de Ronaldo de apresentar novamente futebol de alto nível, além de mais uma vitória pessoal, é uma forma de convencer o técnico Dunga de que ainda tem condições de servir à Seleção.
— Ele é um craque e a Seleção ainda precisa dele. Ele sabe que a visibilidade no Brasil é grande. E jogando em São Paulo, maior ainda — disse Antônio Carlos, que também ouviu, da boca do jogador, o desejo de defender a Seleção.
Desde que Dunga assumiu a Seleção, com discurso de renovação no grupo que naufragou em 2006, Ronaldo esteve fora dos planos. De início, Adriano, Kaká e Ronaldinho, outros integrantes do quarteto mágico que teve fim de linha em Frankfurt, também foram preteridos. As opções ofensivas de Dunga passaram por Vágner Love e o desconhecido Afonso Alves, então do
Heerenveen (Holanda).
Robinho foi o remanescente do Mundial a manter prestígio intacto. A volta dos "medalhões" era inevitável. Primeiro foi Kaká, depois Ronaldinho e, por último, Adriano. Vendo os amigos ainda nos planos da Seleção, Ronaldo também sentiu que pode ter nova chance.
Pelo menos fora de campo, o entrosamento com a nova turma de Dunga já começa a ser maior. Em setembro, o craque não resistiu. Antes do jogo da seleção contra a Bolívia, no Rio de Janeiro, foi ao hotel em que a equipe estava concentrada para desejar "boa sorte" aos ex-companheiros. Na visita, conversou bastante com Robinho, de quem ganhou elogios, e viu Luís Fabiano, o atual dono da camisa 9, desejar seu retorno.
Diretoria nega inflação salarial
Em dezembro de 2007, a diretoria do Corinthians e o goleiro Felipe viveram momentos tensos por causa de um pedido de aumento. Agora, com a chegada de Ronaldo, envolvendo cifras fora da realidade brasileira (deve receber
cerca de R$ 6 milhões por ano), há novamente a
possibilidade alguns jogadores do grupo se sentirem no direito de cobrar valorização. Os dirigentes, contudo, já adiantam que a contratação do atacante é um caso especial.
— Nossos atletas têm de entender, precisam ser inteligentes para saber que o Ronaldo fez por merecer (os salários) — afirmou Antônio Carlos, descartando dar reajustes para um grupo que disputou, com brilho, a Série B do Campeonato Brasileiro nesta temporada.
A maioria tem contrato longo e, em sua avaliação, não há motivos para refazer os acordos.
— Eles têm de jogar com o Ronaldo e saber que será uma honra estar com ele no dia-a-dia.
O diretor técnico não quis vincular a renovação de contrato de Ronaldo, no fim do próximo ano, à conquista da vaga na Libertadores. Mas acabou se traindo.
— Vamos deixar para conversar após a Copa do Brasil ou depois do Campeonato Brasileiro — disse o dirigente, deixando claro que a disputa da competição
intercontinental é uma grande motivação ao atacante.
Presente nas conversas para um possível acerto com Ronaldo, desde 5 de novembro, quando começou a negociação, Antônio Carlos ficou satisfeito em ver a disposição do jogador em voltar logo aos gramados e aproveitou para garantir não haver nenhum atrito com diretores do Flamengo, clube no qual Ronaldo vinha fazendo sua recuperação.
— Não tem briga nenhuma, seguimos com muitos amigos no Flamengo, que o acolheu de braços abertos. E foi o Ronaldo quem escolheu vir para cá, encantado com a estrutura — afirmou.
"Os jogadores têm de saber que será uma honra estar com ele no dia-a-dia", disse Antônio Carlos
Foto:
Divulgação
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