| 12/11/2008 17h49min
Trinta e três anos depois de ver o primeiro jogo no Estádio Beira-Rio, o mexicano Antonio Barba, 60 anos, tem um motivo especial para retornar à casa colorada: torcer para o seu time de infância, o Club Deportivo Guadalajara, o Chivas. Mas não será uma tarefa fácil para ele, que diz amar o Inter. Os dois clubes se enfrentam dia 19, no Beira-Rio, para a decisão da vaga à final da Sul-Americana. Para o torcedor, o segundo jogo será sofrido, e o finalista será decidido nos pênaltis.
Natural da Cidade do México, Antonio cresceu em Guadalajara, um dos três principais municípios do país. O pai é torcedor do Chivas e transmitiu para o filho esta paixão vermelha e branca que, segundo ele, é muito semelhante à colorada. Com 10 anos de idade, ele viu o rival América sucumbir dentro do estádio Jalisco, o mesmo que recebeu o Brasil na Copa de 1970.
Desde então, tornou-se fanático por futebol e pelo Chivas. Em 1975, Antonio veio para Porto Alegre conhecer a família da namorada gaúcha, a advogada Eliane Baptista. Os dois se viram pela primeira vez em 1974 no aeroporto da Cidade do México, onde ele trabalhava, e nunca mais se separaram. Ele recorda que ao sair de uma festa em Porto Alegre em uma noite de dezembro, recebeu um convite que nunca mais esqueceu.
– Uns amigos disseram: vamos ao Beira-Rio? Eu aceitei na hora, afinal estava no Brasil e queria ver um jogo de futebol. E que jogo! Era a final do Campeonato Brasileiro. Inter e Cruzeiro. Eu nunca tinha visto tanta gente de vermelho. A partir deste dia, me tornei colorado. Foi sensacional.
Antonio e Eliane se casaram em Porto Alegre e foram morar no México. Tiveram três filhos lá e um aqui, depois de retornarem em definitivo à capital gaúcha nos anos 1980. O que ele não esperava é que os filhos adotassem o azul do Grêmio.
– A minha mulher fez a cabeça deles. Meus dois guris e minhas duas gurias são gremistas, fazer o que? Eu nunca vi rivalidade como essa, estou dormindo com o inimigo – brinca Antonio.
Hoje, ele é dono de um restaurante de culinária mexicana no bairro Cidade Baixa e diz estar muito feliz no Brasil, mesmo recebendo o assédio de amigos e familiares para voltar ao México. Perguntado para quem vai torcer nas semifinais da Copa Sul-Americana, Antonio coça o cavanhaque, sorri, mas fica em cima do muro.
– Sabe quando a pessoa tem dois corações? Pois é, lá no México vai ser muito difícil o Inter ganhar porque o estádio é um caldeirão. Mas aqui, com certeza o Chivas não agüenta. Acho que vai para os pênaltis.
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