| 30/10/2008 01h34min
O empresário Stew Leonard Jr. está à frente de um grande negócio de pequenos supermercados nos EUA. As quatro unidades da Stew Leonard’s entraram para o Guinness Livro dos Recordes em 1992 ao registrar o maior faturamento de vendas por metro quadrado no país: US$ 37.717.
Em Porto Alegre para o Fórum Agas Internacional, promovido hoje pela Associação Gaúcha dos Supermercados, Leonard disse que, “com a crise, as pessoas estão escolhendo produtos mais baratos.”
Criada pelo pai dele, a Stew Leonard’s apostou no conceito de oferecer menos itens, mas garantir que estivessem frescos. O americano vê a crise como o momento perfeito para colocar o talento em prática.
Zero Hora — Há como tirar algo de bom da crise?
Stew Leonard Jr. — Quando as coisas ficam ruins, a criatividade e o empreendedorismo florescem. Nossa sociedade é de pessoas buscando oportunidades para oferecer um novo
serviço, um produto inusitado, uma forma diferente de fazer as coisas.
Vamos acabar melhores do que estávamos.
ZH — Agora, o seu negócio está sendo impactado?
Leonard — As pessoas estão indo para produtos mais baratos. Notamos isso nos vinhos: as garrafas mais caras tiveram queda de 50% nas vendas. Nossas lojas são próximas de Wall Street. Aquela gente que costumava jogar dinheiro para cima não faz mais isso. A venda de vinhos está crescendo, só que na faixa dos baratos, a partir de US$ 10. Também notamos que os pedaços mais nobres de carne, como filé mignon, não estão mais tão populares. As pessoas estão comprando bife comum ou trocando por frango.
ZH — Como se beneficiar disso?
Leonard — Com a dificuldade que as pessoas estão passando, elas vão querer comprar comida e fazê-la em casa em vez de ir tanto a restaurantes. Então estamos focados em oferecer produtos realmente frescos.
Desaceleramos nossos planos de expansão, porém. E estamos fazendo de tudo para não demitir ninguém.
ZH — Que outras ações estão fazendo?
Leonard — Revisamos cuidadosamente todos os nossos gastos nas lojas. Descobrimos, por exemplo, que não tínhamos nenhum controle sobre a lavagem das nossas caminhonetes. Não dá mais para gastar US$ 5 mil por ano lavando nossos carros. Cortamos isso pela metade. Olhar despesas com cuidado é o jeito de suportar a crise.
ZH — No Brasil, estamos vendo a crise chegar à economia real. Como vender neste momento?
Leonard — Adaptabilidade é a palavra mais importante em tempos assim. Só quem reage rápido sobrevive em um incêndio, né? Ninguém sabe o que vai acontecer amanhã, então você tem de manter os ouvidos atentos e não ter medo de mudar as coisas. Mas também não pode entrar em pânico. Tem de se adaptar e ser rápido, mas não pode, do nada, mudar a filosofia que construiu o seu negócio.
A não ser que você seja a General Motors, é claro.
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