| 29/10/2008 23h22min
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, sinalizou, em reunião na Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que o governo pode adotar medidas adicionais de apoio ao setor agrícola, especialmente com créditos para o término do plantio da safra de grãos e para a comercialização, que começa daqui a seis meses.
Na sede da CNA, o ministro disse que as medidas anunciadas até agora garantem crédito para o setor rural. Admitiu, porém, que ainda há dificuldades no Centro-Oeste, onde as tradings, empresas que compraram antecipadamente a produção nos últimos anos, reduziram a oferta de crédito para plantio da safra.
Até agora, o Ministério da Fazenda já autorizou o Banco do Brasil (BB) a antecipar R$ 5 bilhões para o crédito rural. Além disso, uma mudança na regra da exigibilidade para os depósitos à vista injetou mais R$ 5,5 bilhões nos financiamentos, de acordo com o governo.
De acordo com o ministro, uma das medidas que está na mesa de discussão é
a liberação de recursos por meio de
operações de Adiantamento de Contratos de Câmbio (ACC) para os produtores de algodão.
— O desejo do governo é que os agricultores continuem na atividade — disse.
Para uma platéia formada principalmente por representantes dos produtores rurais, o ministro fez uma dura crítica às tradings e cobrou "responsabilidade" dessas empresas.
— Nesse momento de crise, as tradings se retiraram do financiamento e não mantiveram as posições que elas mantinham nos bons momentos da agricultura — afirmou Stephanes.
Fertilizantes
O ministro comentou sobre os custos de produção da atividade agrícola. Disse que até o fim do ano o governo apresentará um conjunto de metas e ações para garantir o abastecimento interno de fertilizantes.
Stephanes reafirmou que é possível atingir a auto-suficiência em nitrogenados, fosfato e potássio. Aproveitou para criticar os governos anteriores.
— Esse assunto deveria ter começado a ser avaliado há 15 anos. Por que não foi
tratado antes? — questionou.
O ministro considerou que existe uma reserva estratégica no Amapá e que um decreto publicado há 30 anos classifica a área nessa condição.
Segundo ele, ninguém sabe explicar no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) porque a área recebeu essa classificação e não está sendo explorada.
Cana-de-açúcar
Stephanes também foi questionado pelos representantes do setor agrícola sobre o zoneamento da cana-de-açúcar. Ele informou que o zoneamento está pronto e que ainda não foi anunciado porque depende de algumas decisões finais.
Ele acrescentou que, para evitar questionamento internacional, o governo vai limitar o plantio de cana-de-açúcar no Bioma Amazônico e só permitirá a presença de canaviais e usinas que já estão em funcionamento.
— Não será permitida a produção em novas áreas ou instalação de novas usinas — sentenciou. O
ministro classificou a cana na Amazônia como questão "emblemática", e que se o governo
autorizasse o plantio poderia haver restrição de mercado, como é o caso do mercado europeu. Ele concluiu que uma forma de compensação virá por meio de um programa de incentivo à produção de biodiesel, a partir do óleo de palma.
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