| 18/10/2008 06h05min
Garota que deixa o Brasil sob angústia desde o desfecho trágico do mais longo caso de cárcere privado de São Paulo, na sexta-feira, Eloá Cristina Pimentel, 15 anos, tornou-se conhecida entre os colegas por colecionar amizades graças a sua simpatia e alegria.
São os amigos conquistados por esse contagiante bom humor que reforçavam as preces pela recuperação da adolescente, baleada após ficar por 100 horas em poder do ex-namorado, Lindemberg Fernandes Alves, 22 anos. A estudante, que passou por uma cirurgia de três horas, permanecia em estado gravíssimo na madrugada de sábado. Na operação, os médicos preferiram não retirar a bala do crânio para evitar novos danos.
Os tiros que atingiram a cabeça e a virilha de Eloá complicaram um drama que começou nas primeiras horas da tarde de segunda-feira. Transtornado com o fim do relacionamento de dois anos e sete meses, o jovem invadiu o apartamento da família de Eloá e a manteve refém. A melhor amiga dela, Nayara da Silva, 15
anos, também ficou na mira
do rapaz.
No fim da tarde de sexta-feira, uma ação desastrosa da polícia culminou no desfecho violento. Supostamente após ouvir o barulho de um tiro, policiais militares do Grupo de Ações Táticas Especiais invadiram o prédio. Eloá deixou o prédio em estado grave, e Nayara apresentava ferimentos na boca. Lindemberg saiu do apartamento algemado e escoltado por cinco policiais.
Mesmo antes dos tiros, a situação de Eloá como refém já aterrorizava os colegas da Escola Estadual Professor José Carlos Antunes, onde ela cursa o 1º ano do Ensino Médio. Tanto que eles decidiram cancelar uma excursão que fariam a um parque de diversões para acompanhar o caso com atenção.
— Sempre que alguém precisa de alguma coisa, ela é a primeira a ajudar — conta o colega Paulo Henrique Monteiro da Silva, 15 anos.
A preocupação dos amigos com Eloá começou bem antes de segunda-feira. Desde o início do namoro com Lindemberg, os colegas se afligiam com as
queixas da adolescente. Ela reclamava da forma
como era tratada pelo namorado.
— Ele era arrogante, ciumento e possessivo com ela — contou uma amiga.
Para não se entristecer, Eloá terminou com o namoro. Graças a essa decisão, os amigos perceberam uma chance para a garota preservar outro aspecto que a caracteriza, mas que estava sob ameaça: a tranqüilidade. Segundo eles, a garota não costuma arrumar confusão.
— Não tem nada que eu possa falar de ruim dela — resume o estudante Caique dos Santos, 14 anos.
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