| 29/09/2008 16h36min
O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, terminava sua apresentação a empresários na Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte quando foi surpreendido pela primeira notícia de que a votação na Câmara dos EUA indicava uma derrota do governo americano na sua tentativa de aprovar o pacote de resgate do setor financeiro de US$ 700 bilhões.
— Acabamos de ter mais uma surpresa. Portanto, os senhores verificam que a situação internacional é volátil e fizemos bem de não nos dedicarmos a fazer previsões — disse Meirelles, antes de se despedir dos empresários presentes e deixar o local.
Este foi o único comentário do presidente do BC sobre o que se desenrolava na Câmara dos EUA naquele momento. Antes disso, durante sua apresentação, Meirelles detalhou a situação vivida pelo Brasil, em comparação com outros momentos de crise financeira internacional do passado.
— Hoje o Brasil tem reservas cambiais superiores à dívida externa — disse.
O presidente do BC lembrou
também que o Brasil é credor externo líquido e que o risco país não tem reagido ao mesmo tipo de aversão ao risco vista no passado.
— O país tem hoje maior estabilidade em termos de crescimento do PIB — afirmou, citando os últimos dados divulgados, relativos ao segundo trimestre. — Hoje temos melhores condições de resistência. Não que o país seja imune à crise, mas tem condições de enfrentar problemas com mais tranqüilidade do que no passado.
O presidente do BC fez uma analogia entre a situação vivida atualmente pelo Brasil e problema médicos.
— No passado, quando os EUA pegavam uma gripe, o Brasil pegava uma pneumonia. Hoje, se os EUA, quem sabe, pegarem uma pneumonia, nós podemos ter apenas um resfriado forte. O Banco Central está olhando o assunto com toda a seriedade, porque não subestima a crise.
De acordo com ele, "estamos acompanhando as medidas tomadas pelo governo americano e também na Europa".
— Mas
este não é o momento de ficar especulando, é o momento de
trabalhar como nunca.
Meirelles chegou ao almoço com empresários com mais de duas horas de atraso — antes de viajar para Belo Horizonte, ele esteve reunido em Brasília com o presidente Lula e com os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Miguel Jorge (Desenvolvimento) para discutir a crise internacional.
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2025 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.