| 24/09/2008 21h
O ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, o cantor Bono Vox, a rainha Rania da Jordânia, o ciclista Lance Armstrong e o Prêmio Nobel da Paz Al Gore, entre outros, reivindicaram nesta quarta-feira que a crise financeira não sirva de desculpa para reduzir a ajuda ao desenvolvimento e o combate à pobreza.
— Parece assombroso que possam encontrar US$ 700 bilhões para salvar Wall Street e que o G8 não seja capaz de encontrar US$ 25 bilhões para salvar as 25 mil crianças que a cada dia morrem de fome e doenças evitáveis e tratáveis — disse Bono, vocalista da banda U2.
Dos participantes da reunião realizada em Nova York da Iniciativa Global Clinton, o artista irlandês foi talvez o que com mais intensidade se expressou na sessão de hoje. Essa iniciativa, que ocorre desde 2005, procura estimular a formulação de compromissos por parte do setor privado para ajudar os governos a melhorar as condições de vida no
mundo.
Clinton assegurou que "ninguém sabe o
que vai acontecer exatamente com a crise e quão rápida será a recuperação".
— Posso dizer que o propósito que nos une será nos próximos anos muito mais importante se houver condições econômicas que impeçam os Governos de fazer o que havia sido previsto.
Segundo ele, "a crise não deve ser uma desculpa para esquecer os desafios do planeta, mas uma convincente razão para intensificar os esforços em superá-lo em qualquer canto do mundo". Sobre isso, Bono destacou que "a quebra é algo muito sério" e reconheceu que não pode julgar as medidas do governo.
A rainha da Jordânia pôs como exemplo que educar as crianças do mundo requer US$ 11 bilhões anuais, o mesmo gasto por europeus em sorvetes. O ciclista Lance Armstrong também considerou um "fracasso moral e ético" que exista tecnologia, remédios e procedimentos oportunos para prevenir e salvar milhões de casos de câncer e que não se faça isso por falta de fundos. Por isso, anunciou que sua fundação destinará
US$ 8 milhões em cinco anos para
reforçar a luta contra o câncer no mundo.
Para o presidente do Conselho de Administração da Coca-Cola, Neville Isdell, se está "perante a maior crise financeira desde a de 1929-1931 e ainda há o perigo de que siga nesse sentido, a não ser que se adotem com rapidez as medidas estipuladas". Segundo ele, "a crise pode ser vista como uma oportunidade". A opinião do executivo foi parecida com a do ex-vice-presidente americano Al Gore.
— Pela primeira vez na história da humanidade podemos e devemos tomar uma decisão para que a crise econômica se transforme em uma oportunidade para empreender as mudanças necessárias no mundo — ressaltou Al Gore.
Para ele, a mudança mais premente é a de deixar de queimar carvão no mundo todo, incluindo os países em desenvolvimento, para reduzir as emissões de dióxido de carbono. O americano denunciou ainda que as empresas de carvão e petróleo gastaram nos EUA ao longo do ano cerca de US$ 500 mil em promover "a mentira
que existe sobre o carvão verde", que
"é como falar de cigarros saudáveis, que não existem".
Bono Vox e Al Gore participaram da reunião da Iniciativa Clinton nesta quarta-feira
Foto:
Ramin Talaie, EFE
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