| 31/07/2008 14h56min
A presença das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no Brasil "chegou até as mais altas esferas" do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao PT, aos líderes políticos brasileiros e ao Poder Judiciário, publicou hoje a revista colombiana Cambio.
A conclusão foi tirada de supostos e-mails encontrados no computador do ex-porta-voz internacional das Farc Raúl Reyes. O governo colombiano, no entanto, "usou seletivamente os arquivos do computador de Raúl Reyes". A publicação acrescenta que com "Equador e Venezuela, (os arquivos) foram usados para colocar em contradição (o presidente venezuelano Hugo) Chávez e (o presidente equatoriano Rafael) Correa, hostis a (o chefe de Estado colombiano Álvaro) Uribe". Com o Brasil, "a articulação foi feita embaixo da mesa para não comprometer Lula, que
se mostrou mais hábil e menos combativo com a
Colômbia".
Nos e-mails de Reyes — cujo nome verdadeiro era Luis Edgar Devia e que foi morto por tropas colombianas em solo equatoriano em primeiro de março — são mencionados "cinco ministros, um procurador-geral, um assessor especial da presidência, um vice-ministro, cinco deputados, um vereador e um juiz superior" brasileiros.
A Cambio cita o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, o ex-ministro de Ciência e Tecnologia Roberto Amaral, a deputada distrital Erika Kokay e o chefe de Gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Também são mencionados nesses e-mails o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, o assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, o subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Perly Cipriano, o secretário de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, e o assessor presidencial Selvino Heck.
Ainda segundo a Cambio, há mensagens de Reyes para o chefe
militar das Farc, Mono Jojoy — cujo nome
verdadeiro é Jorge Briceño -, e para Francisco Antonio Cadena Collazos - conhecido como padre Olivério Medina e Cura Camilo e que atua como delegado das Farc no Brasil — e de todos eles com dois homens identificados como Hermes e José Luis.
Cura Camilo, preso em São Paulo em agosto de 2005, vivia no Brasil há oito anos e foi beneficiado com uma proteção especial por ser casado com uma brasileira. Em 2006, o Comitê Nacional para Refugiados (Conare) concedeu a Cura Camilo o status de refugiado, decisão que pesou bastante para o Supremo Tribunal Federal (STF) negar seu pedido de extradição para a Colômbia.
Revista colombiana Cambio diz que Farc estão infiltradas no Brasil
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Site Revista Cambio, Reprodução
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