Depois de ter acertado com os demais integrantes da CPI que entregaria as conclusões da investigação da fraude do Detran 48 horas antes da votação, o deputado Adilson Troca (PSDB) decidiu ontem adiar por 24 horas a apresentação do relatório final. Somente às 9h de hoje será tornado público o documento. O adiamento provocou críticas por parte da oposição.

Troca passou boa parte do dia em contato com o Palácio Piratini, recebendo orientações do governo. Além de ter se reunido na Casa Civil, falou ao telefone pelo menos duas vezes com o porta-voz da governadora Yeda Crusius, Paulo Fona. O gabinete do deputado alimentou até o final da tarde a expectativa de que o parlamentar entregaria o relatório. A frase mais repetida pela assessoria do relator foi de que ele "estava circulando".

- Uma vez eu liguei. Outra, ele me ligou. Eu estava curioso e tomei a iniciativa de perguntar se ele entregaria hoje (quarta). Ele disse que não porque estava com dificuldade de tempo para concluir, que tinha só um esboço do material - afirmou Fona.

O porta-voz negou ter havido orientação do Piratini para que Troca não divulgasse o material antes do prazo final a fim de evitar a repercussão antecipada do teor do relatório. Apesar disso, pelo menos um deputado da base governista disse a Zero Hora já ter lido todo o relatório, que tem mais de 400 páginas.

Uma reunião de Troca com deputados da base estava marcada para a manhã de ontem, mas foi suspensa.

- Eu não sei por que não ocorreu. Me avisaram do gabinete dele que não haveria. Acredito que ele esteja conversando mais com as bancadas que têm alguma pessoa envolvida na investigação. Acredito que haverá mais nomes no relatório, além dos 40 processados. Acho exagero querer colocar a governadora, mas o resto (outras pessoas com foro privilegiado) eu concordo - afirmou ontem o deputado Cassiá Carpes (PTB).

Se o relatório de Troca não incluir nomes como o do deputado federal José Otávio Germano (PP) e do presidente do Tribunal de Contas, João Luiz Vargas, o voto de Cassiá será contrário. É a mesma postura do deputado Alexandre Postal (PMDB):

- Se for um relatório chapa-branca, serei contrário. O relatório tem de contemplar o que discutimos aqui por meses. Há documentos para fazer link com algumas pessoas.

Para o presidente da CPI, Fabiano Pereira (PT), Troca descumpriu acordo ao não disponibilizar o relatório:

- Ele sempre foi contra a prorrogação, alegando que tinha tempo suficiente para fazer o relatório. Houve uma espécie de acordo registrado em atas de que entregaria hoje (quarta). Agora, ele descumpre e não tenho dúvida de que é por causa das pressões que está sofrendo.

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