| 01/07/2008 06h30min
Mesmo sem ser convidada, a Europa virou protagonista de encontro do Mercosul. Enquanto a União Européia não quer abrir mão de seus subsídios à agricultura e pede acesso a bens e serviços dos sul-americanos, estes formalizam, na cúpula que se iniciou nessa segunda-feira, dia 30, e termina nesta terça, dia 1º, o repúdio à lei de imigração aprovada pelo bloco europeu.
São situações independentes uma da outra, mas mostram que a 35ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em San Miguel de Tucumán (Argentina), terá como foco os empecilhos para as relações entre europeus e sul-americanos.
O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Jorge Taiana, anunciou nessa segunda-feira que haverá a reiteração do protesto, já manifestado em conjunto e pelos países, individualmente.
– O bloco regional se expressará novamente com firmeza a respeito da lei migratória da União Européia. Pensamos que não há pessoas ilegais, a pessoa não é ilegal nem a migração é um delito. Todas as pessoas têm direitos elementares dos quais não podem ser privadas – disse Taiana.
E não é só isso: o Mercosul vai articular novos acordos comerciais com países emergentes, pensando sempre em alternativas para a falta de avanços nas negociações com a UE.
A chamada Diretiva de Retorno foi aprovada no último dia 18 de junho, pelo Parlamento Europeu e estabelece que os imigrantes ilegais podem ser detidos por até 18 meses enquanto tramita a burocracia para sua repatriação. Proíbe também o imigrante de voltar a pisar em solo europeu pelo período de até cinco anos.
Outro tema a ser discutido em San Miguel de Tucumán será a adesão integral da Venezuela ao Mercosul, possibilidade aberta já em 2005. A entrada, porém, tem esbarrado nos Senados do Brasil e do Paraguai, que não a ratificaram. Por sua vez, o Uruguai vai propor a inclusão do México no bloco.
Outros assuntos que estão na agenda do encontro são a possibilidade de estender a todo o bloco o mecanismo de comércio com moedas locais, que será iniciado em breve por Brasil e Argentina, a abertura comercial com o Chile e a ampliação da dispensa de passaportes para turismo. Os presidentes sul-americanos devem, também, assinar uma declaração conjunta com um forte conteúdo político sobre a união do bloco nas negociações da Rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Para a realização da cúpula, mendigos foram retirados do centro de San Miguel de Tucumán. O objetivo é evitar uma imagem negativa da província de Tucumán. Quase 30% dos habitantes locais vivem abaixo do nível da pobreza. Os tucumanos afirmam que o evento é o mais importante ocorrido na cidade desde 1816, quando Tucumán foi palco da proclamação de independência da Argentina.
ZERO HORA
Os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, do Brasil, Luiz Inácio Lula Da Silva, e da Venezuela, Hugo Chávez, na Casa da Independência em São Miguel de Tucumán (Argentina), onde ocorre a 35ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul
Foto:
Cézaro De Luca, EFE
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