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 | 07/06/2008 21h

Klécio Santos: A ruína da embaixada

A substituição de Marcelo Cavalcante é o menor dos problemas de Yeda Crusius. Alijada dos dois secretários que reorganizariam seu governo — Cézar Busatto e Delson Martini — Yeda tem urgências mais relevantes do que encontrar um novo "embaixador" gaúcho em Brasília.

Por enquanto, ninguém assumirá o cargo, mas a equipe de técnicos — a maioria cedidos da Secretaria Estadual do Planejamento — será mantida. Afinal, o Piratini não pode prescindir de ter uma estrutura em Brasília.

O erro de Yeda talvez tenha sido dar mais visibilidade à representação gaúcha. Por conta da pompa concedida pela governadora ao cargo, acabou pagando um preço alto, virando até alvo de chacotas. Para um Estado falido, alugar uma mansão em Brasília não pegou bem desde o começo. Quando era um simples escritório na cinzenta zona central da Capital Federal, poucos prestavam atenção na estrutura. Mesmo que a "embaixada" representasse uma economia já que o prédio anterior foi alugado, aliviando o Estado de despesas com condomínio, por exemplo, poucos entenderam a necessidade dessa roupagem nova.

Até uma placa foi erguida na frente do prédio dando ao escritório um status que não tinha, não tem e jamais deve ter. O problema de Cavalcante, contudo, foi a intimidade demonstrada com o lobista Lair Ferst. Enquanto todos no governo negavam vínculos com Ferst, Cavalcante recebia uma carta-bomba e atendia telefonemas do operador tucano. E pior: passou a Ferst os nomes das pessoas que participariam de uma reunião na Secretaria da Fazenda, na qual se discutiria a compra de um software. Ferst, como bom lobista, tinha interesse no negócio.

Cavalcante tem uma história de 22 anos de atividade parlamentar. Trabalhou ao lado dos deputados Nelson Marchezan, já falecido, Luiz Roberto Ponte e, por último, Yeda Crusius. É um assessor de confiança da governadora, que não se transferiu para o Estado por conta das raízes em Brasília. Alojado na representação, atendia prefeituras e fazia a interlocução do Piratini com as bancadas no Congresso, com os ministérios e assessores do Planalto.

Na crise, demonstrou lealdade ao enviar uma carta de demissão tão logo seu nome ganhou as páginas do escândalo. Por conta desse comportamento, Cavalcante não será abandonado pelo PSDB. Ele decide seu rumo nesta segunda-feira, durante uma reunião com dirigentes do partido. E Yeda poderia aproveitar a oportunidade e seguir o exemplo do governador catarinense Luiz Henrique da Silveira, que colocou o ex-senador Geraldo Althoff para representar o Estado em Brasília. O perfil ideal para o cargo é de alguém acostumado a enfrentamentos políticos e não o de um simples assessor.

klecio.santos@gruporbs.com.br
 
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