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 | 05/06/2008 05h05min

"O diálogo sozinho não revela nada de errado"

Deputado José Otávio Germano fala sobre telefonema gravado pela Polícia Federal

Marciele Brum  |  marciele.brum@zeohora.com.br

Na lista de 34 telefonemas gravados pela Polícia Federal e divulgados ontem pela CPI do Detran, consta um diálogo entre o deputado federal José Otávio Germano (PP) e o então diretor-presidente da autarquia Flavio Vaz Netto, réu no processo da fraude. Ontem, em entrevista a Zero Hora por telefone, José Otávio falou sobre o diálogo. A seguir, a síntese:

Zero Hora — O senhor disse à CPI que não tinha nada a ver com o caso Detran. Qual era o objetivo da conversa com Flavio Vaz Netto?

José Otávio Germano —
No inquérito, Vaz Netto disse que a conversa era comigo e versava sobre o Tribunal de Contas. A Polícia Federal não sabia que era eu até Vaz Netto dizer. A sacanagem (da CPI) foi não terem dito hoje (ontem) que o diálogo era comigo. Fui perguntado sobre isso na CPI e respondi. A minha tese, ou melhor, a verdade é que não há novidade nisso.

ZH — É a primeira vez que o seu nome vem a público como o homem não-identificado nas conversas gravadas.

José Otávio —
O inquérito era sigiloso. O que interessa é que a polícia sabia que era eu desde o início. O importante é que, se houvesse alguma irregularidade, eu teria sido indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público Federal. Quem analisou isso viu que o diálogo sozinho não revela nada de errado. A sacanagem foi jogar esse diálogo em meio a várias conversas sujas.

ZH — Por que Vaz Netto informou ao senhor sobre o andamento de uma inspeção extraordinária do Tribunal de Contas no Detran?

José Otávio —
Porque isso se referia ao meu tempo de secretário (da pasta da Justiça e da Segurança, à qual o Detran era subordinado). Eu tinha interesse que tudo fosse explicado ao tribunal.

ZH — O senhor temia que alguma irregularidade fosse descoberta?

José Otávio —
Não. As contas haviam sido aprovadas. Mas como era uma inspeção extraordinária, queria que ele não deixasse de dar respostas.

ZH — O senhor sempre negou que soubesse que as fundações subcontratavam empresas para prestar serviços ao Detran. Por que então Vaz Netto e o senhor discutem no telefonema sobre a legalidade das subcontratadas?

José Otávio —
Nunca discuti isso. Na gravação, ele me diz que, na inspeção do Tribunal de Contas, uma das questões alvo de discussão era essa. É ele quem fala em 95% do diálogo.

ZH — No momento em que Vaz Netto falou das sistemistas o senhor não tomou conhecimento de que existiam subcontratações?

José Otávio —
Eu nunca disse que não sabia da existência da Carlos Rosa (Carlos Rosa Advogados Associados, uma das empresas subcontratadas). Sobre as outras, eu não sabia. Faz dois anos que deixei a secretaria.

ZH — O senhor não desconfiou de que havia irregularidades?

José Otávio —
O diálogo revela que eu nem falo. Apenas pergunto se ele quer ajuda na prestação de esclarecimentos ao tribunal. Estou indignado porque a Polícia Federal e o Ministério Público já examinaram isso. É só sacanagem política para colocar meu nome para dentro disso novamente.

ZH — O senhor sempre sustentou que seu irmão Luiz Paulo Rosek Germano não sabia de nada. Por que ele conversa com Vaz Netto sobre o esquema e cita ZeÓ?

José Otávio —
Não ouvi. Como meu irmão foi denunciado, ele e o advogado pediram para eu não me manifestar porque isso pode interferir na defesa junto ao Judiciário.

ZH — Vaz Netto pede para o senhor falar com o homem de "São Chico" para livrá-lo do processo. Quem é essa pessoa?

José Otávio —
Não sei. Eu não entendo o que ele diz. Fico todo o tempo tentando encerrar a ligação. Vaz Netto tem de explicar isso.

ZH — O senhor tentava encerrar a ligação por se tratar de algo comprometedor?

José Otávio —
Não. Não tinha interesse nenhum na conversa dele a não ser sobre o Tribunal de Contas.

 
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