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 | 25/05/2008 14h09min

O adeus de um ídolo do tênis brasileiro e mundial

Gustavo Kuerten jogou neste domingo pela última vez em Roland Garros, torneio do qual é tricampeão

O resultado foi o que menos contou neste domingo, em que o tênis mundial perdeu uma de suas estrelas: Gustavo Kuerten deu adeus ao esporte ao perder para o francês Paul-Henri Mathieu por 6-3, 6-4 e 6-2 na primeira rodada do torneio de Roland Garros.

— Para mim, foi incrível o que fiz aqui. Obrigado a todos — disse Guga diante das câmeras de televisão, após o jogo, num francês bastante improvisado.

Aos 31 anos, o catarinense se despediu das quadras de sua ascensão meteórica, onde, em 1997, passou de virtual desconhecido, mesmo para os brasileiros, a campeão de um dos mais prestigiados torneios do Grand Slam, ao derrotar o espanhol Sergi Bruguera na decisão por 6-3, 6-4 e 6-2. Naquele ano, o brasileiro aparecia apenas como 66 do mundo, ainda jogando muitos torneios da série Challenger.

Guga chamou a atenção dos franceses (e de todo o mundo do tênis) tanto pelo uniforme colorido, a simpatia e o jeito de surfista, como também pelo potente saque, os fortes golpes de fundo de quadra e a facilidade de jogar em pisos de terra batida. Em seus melhores anos, o brasileiro era praticamente imbatível no saibro.

A partir do torneio francês, passou a colecionar títulos nos quatro cantos do mundo. Em 2000, já como quinto do mundo, conquistou Roland Garros pela segunda vez. Passando novamente por Kafelnikov, desta vez a final foi diante do sueco Magnus Norman, então número três da ATP e seu rival naquela temporada.

O maior feito de Gustavo Kuerten em 2000 foi tornar-se o primeiro sul-americano a encerrar o ano como número um da ATP, onde se manteve por 44 semanas. E a competição que consagrou Guga como número um do circuito foi a Masters Cup de 2000, em Lisboa, Portugal. Ele ainda foi eleito o jogador do ano pela ATP e pela ITF, além da imprensa mundial.

No ano seguinte, viria o terceiro título em Paris, agora na condição de cabeça-de-chave número um. E ele defendeu a conquista com maestria, superando o espanhol Alex Corretja na final por 6-7(3-7), 7-5, 6-2 e 6-0. Além do torneio parisiense, Guga também escreveu seu nome nas galerias de vencedores dos três Masters Series em terra, em Monte Carlo, Roma e Hamburgo, completando o chamado "Grand Slam do saibro". Ao longo de toda a carreira, foram 20 títulos de simples e oito de duplas.

Porém, depois das conquistas viriam as lesões. Sofrendo de dores no quadril direito, Guga foi operado pela primeira vez em 2002 e teve recuperação demorada, mas nunca voltou a ser o mesmo. A conquista do torneio de Auckland, no início de 2003, e o Brasil Open do ano seguinte, sua última na ATP, seriam alguns dos últimos bons momentos do jogador, que a partir daí teve como adversário constante as contusões.

No início de 2008, Guga anunciou que deixaria o tênis, reconhecendo não ter mais chances de competir de igual para igual no circuito profissional. Para se despedir do circuito profissional, jogou cinco torneios, sempre recebendo convite - sua posição no Ranking de Entradas já era insuficiente -, e teve a oportunidade de atuar em alguns locais que foram especiais para sua carreira. Machucado, resolveu chegar mais cedo e treinar pela última vez nas quadras de Roland Garros, vivendo um pouco mais o clima que tanto o consagrou e do qual se despediu hoje.

EFE

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