Carlos Guilherme Ferreira  |  carlos.ferreira@zerohora.com.br

Se você é árbitro ou bandeirinha e entrou na escala das séries A ou B do Brasileirão neste fim de semana, cuidado: existe risco imenso de suspensão. A prova veio por meio das palavras do presidente da Comissão de Árbitros da CBF, Sérgio Corrêa da Silva, ao anunciar na última segunda-feira o afastamento de três juízes e de um bandeirinha.

— Tomaremos medidas drásticas. Quem não cumprir as determinações ficará fora. Não gostei do que vi. Me irritei profundamente — afirmou, em entrevista à Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte.

 

Corrêa se desgostou (veja quadro) com as atuações dos árbitros Ricardo Marques Ribeiro (MG), Wallace Valente (ES) e Gutemberg de Paula Fonseca (RJ) e do auxiliar Ednílson Corona (Fifa-SP) na primeira rodada. Decidiu tirá-los dos próximos sorteios, atitude que considera chance de reflexão para a própria categoria.

A atitude, porém, encontrou restrições de um peso pesado da própria classe: Arnaldo Cezar Coelho, juiz da final da Copa de 1982 e comentarista da Rede Globo.

— É muito simples punir os árbitros. Este tipo de atitude é jogar para a galera. Deste jeito, vamos acabar o Brasileirão e não teremos árbitros e assistentes — criticou em entrevista por telefone.

Arnaldo conversou com Corrêa, como costuma fazer por questões profissionais, e conta que expressou discordância ao presidente da comissão. Considera as falhas citadas como lances com grande dificuldade - caso do gol anulado do Sport contra o Botafogo pelo bandeirinha Ednílson Corona.

— É impossível de se conferir a olho nu. Só vi o impedimento pela TV, e parando a jogada — justificou.

Árbitro mineiro pretende passar folga em casa, ao lado dos pais
O raciocínio é parecido para Coritiba 2x0 Palmeiras, jogo que rendeu suspensão para Ricardo Marques Ribeiro por falha na parte disciplinar. Arnaldo viu bom desempenho do colega, apesar do que considera "falta de colaboração" dos jogadores e do estado precário do gramado do Couto Pereira.

Ribeiro, 28 anos, adota tom cauteloso. De Belo Horizonte, por telefone, ele disse que iria assistir ao compacto.

— Em um primeiro momento, considerei boa minha atuação. Mas, como houve ponderações, vou revê-las — explicou.

Assistente judiciário do Foro Central de Belo Horizonte, Ribeiro garantiu ter recebido apoio dos colegas de trabalho que o viram pela TV. Revelou também que sempre telefona para Corrêa após os jogos, mas que no último domingo o presidente da comissão estava ocupado.

Certo, mesmo, é que Ribeiro terá um domingo de folga. Solteiro, ele encarou a situação como normal. Tanto que já sabe como passará o tempo livre: fará companhia aos pais, Ronaldo e Aparecida, enquanto a bola rola nos gramados.

A turma dos afastados
Árbitros
- Ricardo Marques Ribeiro (aspirante Fifa-MG)
Jogo: Coritiba 2x0 Palmeiras
Erro: exagerou ao expulsar Diego Souza (P) e Carlinhos Paraíba (C). E não teve o mesmo rigor quando realmente foi preciso.

- Wallace Valente (ES)
Jogo: Atlético-MG 0x0 Fluminense
Erro: foi fraco no critério disciplinar.

- Gutemberg de Paula Fonseca (RJ)
Jogo: Corinthians 3x2 CRB
Erro: falhou em lance no qual o goleiro do CRB tocou a bola com a mão fora da área.
O que disse Corrêa:
— Foi um erro inadmissível.

Bandeirinha
- Ednílson Corona (Fifa-SP)
Jogo: Botafogo 2x0 Sport
Erro: anulou gol legal do Sport.
O que disse Corrêa:
— Ele estava mal posicionado no momento do gol.