| 26/03/2008 02h41min
As autoridades de Lhasa, a capital tibetana, afirma que 280 manifestantes já se entregaram à polícia. Eles se envolveram nos distúrbios de 14 de março, nos quais morreram 19 pessoas, segundo fontes oficiais.
Foram emitidas ordens de busca de outros 29 participantes dos protestos, e foi publicada uma lista de 53 pessoas implicadas nos fatos.
Segundo Pequim, em 14 de março um numeroso grupo de pessoas atacou escolas, bancos, hospitais, lojas, escritórios governamentais e redações de meios de comunicação, entre outros locais.
Os violentos protestos aconteceram quatro dias depois de monges tibetanos se manifestarem, também em Lhasa, para comemorar o 49º aniversário da rebelião contra o regime comunista chinês. Na ocasião, eles foram reprimidos pelas autoridades com gás lacrimogêneo e o uso da força.
Os tibetanos no exílio asseguram que as manifestações dessa semana foram pacíficas, e que a repressão policial causou 140
mortes, afirmação que é negada por Pequim.
Entenda o conflito no Tibete
O Tibete é uma região dominada pela China há 50 anos. A notícia de que monges budistas teriam sido presos depois de realizar uma passeata para marcar os 49 anos de um levante tibetano contra o domínio chinês provocou revolta.
Centenas de monges tomaram as ruas da capital Lhasa, e os protestos ganharam força.
Em 10 de março, os protestos ganharam o apoio do povo tibetano. As manifestações têm sido apontadas como as maiores e mais violentas dos últimos 20 anos.
A capital Lhasa tornou-se palco de violentos confrontos, a apenas cinco meses da Olimpíada de
Pequim.
Personalidades e governos declararam apoio à independência do Tibete e manifestações pelo mundo repudiaram a repressão chinesa. Houve ameaça de boicote à Olimpíada.
A origem dos conflitos
Os conflitos ocorrem por uma questão histórica. A China diz que o Tibete faz parte de seu território desde meados do século XIII e deve ficar sob o comando de Pequim.
Muitos tibetanos afirmam que a região do Himalaia ficou independente durante vários séculos e o domínio chinês nem sempre foi uma constante.
O Tibete chegou a manter o status de país independente entre 1911 e 1950, até que Mao Tsé-tung comandou a Revolução Chinesa e chegou ao poder no país, em 1949.
A causa da independência do Tibete ganhou força perante a opinião pública mundial após o massacre de manifestantes pelo exército chinês na Praça da Paz Celestial, em 1989.
O governo chinês mantém pouco diálogo com o
governo tibetano no exílio, com base na Índia.
A China diz que os tibetanos no
exílio, liderados pelo Dalai Lama, só estão interessados em separar o Tibete da terra-mãe. O Dalai Lama diz querer nada mais do que a autonomia da região.
Dalai Lama
O Dalai Lama é o líder do Tibete, onde política e religião fundiram-se em um Estado teocrático. Dalai Lama significa, em mongol, "Oceano de Sabedoria". O atual e 14º é Lhamo Dhondrub, nascido em 1935, que adotou o nome de Tenzin Gyatso.
Desde que fugiu do Tibete depois do levante, em 1959, o líder espiritual dos tibetanos viajou o mundo para advogar por mais autonomia para sua terra natal, sempre enfatizando que não defende a violência. Ele ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1989.
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