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 | 13/03/2008 07h37min

Ruy Carlos Ostermann: A imposição do Ju

Os fatos da derrota do Inter são bem conhecidos, os mais antigos e sempre surpreendentes. O Juventude marcou a saída de bola, trocou passes, exigiu do Inter alguns recuos e a adesão a uma forma bem ortodoxa de jogar, sem invenção, sem magia, sem novidades. Incontestável a vitória. Edinho fez duas faltas de cartão, a primeira no início do jogo e a segunda antes de terminar o primeiro tempo e, sem ele, o time de Abel teve de se adaptar, modificar-se e tudo ainda ficou pior. O torcedor na saída lamentava a touca, mas não houve touca no jogo: houve a imposição tática do Juventude, a dificuldade do Internacional e pouco remédio além da resignação.

E no final do jogo, aos 43 minutos, na jogada que mais lhe favorecia, a do contra-ataque, Hélder, que havia entrado no segundo tempo, marcou um terceiro e constrangedor gol da goleada. O Internacional não apenas perdeu o segundo jogo para o mesmo Juventude como levou o maior número de gols a partida e, se havia alguma dúvida de que tudo poderia terminar, ficou a prova no Centenário.

Acomodar e substituir
Celso Roth prosseguiu nos treinos dessa semana na busca de uma forma de acomodar jogadores e, ao mesmo tempo, substituir quem está impedido de jogar como Soares, e talvez Perea, e com certeza Willian Magrão, suspenso. A operação inclui Hidalgo na zaga esquerda, promove Nunes para o lugar de Magrão, transfere Anderson Pico para a meia-esquerda e autoriza Roger a jogar mais livre ainda, quase como atacante. Anuncia-se o esquema 4-5-1, o que só existe no papel, que é onde todos os esquemas funcionam.

Essa noite é a nova provação do time de Roth. O Caxias já agradou a muitas pessoas, estava invicto e quer se classificar. Vai exigir esforço e cuidados.

Promessa
Anderson é um jogador interessante, uma das melhores promessas da nova geração formada no clube. Tem muita força, é ambidestro, o que permite uma movimentação com naturalidade de um lado ou de outro do campo, o que nem sempre sabe aproveitar - e chuta bem de três dedos, em curva. O que lhe falta é uma naturalidade para jogar com essas potências sem se apressar e passar do ponto, e com uma forma de reflexão que seja capaz de reequilibrar sua qualidade inegável. Não é uma aposta de Roth: é um reaproveitamento de resposta à emergência do jogo.

A noite no Olímpico precisa ser vista a partir desses fatos.

Razoável
Dunga contraria um pouco uma tendência brasileira à simplificação. Essa, do momento: a não convocação de Ronaldinho.

Ouço as simplificações de tipo humanista: a melhor maneira de se juntar ao esforço que ele faz para voltar à forma física e técnica é convocá-lo.

Ou do tipo técnico-operativo: ele com um pé às costas joga mais do que qualquer outro. As duas são verdadeiras e patrióticas, mas serão adequadas?

A queda física e técnica de Ronaldinho pelas mais variadas motivações (lembram que transcrevi uma observação de Muricy Ramalho de que se tratava de sub-treinamento?) levou-o a perder lugar no time do Barcelona, a ser vaiado no Nou Camp e a pensar em ir embora da cidade. Há três jogos, ele retomou o luxo de seu futebol e até gol de bicicleta fez. A hipótese de Dunga pode ser levada em conta: ele quer dar mais tempo a Ronaldinho, isso é, que não se queira que ele pratique as soluções.

É razoável, imagino.

 
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