| 11/02/2008 05h33min
Esta será uma semana decisiva para o futuro das exportações de carne bovina brasileira à União Européia (UE), suspensas desde 1º de fevereiro. Termina nesta segunda-feira, dia 11, o prazo para que os seis Estados autorizados a vender aos europeus enviem ao Ministério da Agricultura o número final dos pecuaristas que cumprem as exigências de rastreamento do gado.
O governo federal se comprometeu a concluir até quinta-feira, dia 14, o relatório com a avaliação individual de cada fazenda auditada no país.
No mesmo dia, o secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz, estará reunido com autoridades veterinárias européias em Bruxelas. A expectativa é que haja definição clara sobre os critérios para inclusão de propriedades habilitadas a fornecer ao bloco no futuro. A UE pretende limitar a 300 os estabelecimentos rurais que podem exportar.
– Será uma semana muito importante para o futuro das exportações e, conseqüentemente, para o fim do embargo – avaliou Kroetz.
Depois de admitir falhas no sistema nacional de controle e nas auditorias, a meta do governo agora é manter as negociações e tentar normalizar as vendas para a União Européia, disse o ministro da Agricultura e Pecuária, Reinhold Stephanes, em entrevista ao Canal Rural. Destacou que o Brasil vai respeitar as limitações da UE, exportando o que for possível.
– A questão não é sanitária, e sim comercial – insistiu o ministro.
Segundo o ministro, as regras européias são exageradas para a qualidade da carne nacional, mas o Brasil deve atendê-las. Stephanes frisou que as exigências sanitárias dos europeus nunca foram contestadas. Foram aceitas pelo mercado brasileiro, que não as cumpriu por falta de "interesse" e por apostar que a UE não chegaria ao embargo, afirmou.
– A classe produtora estava representada e aceitou a regra do jogo sabendo que poderia não atender aos compromissos assumidos – disse.
Briga por quantidade pode atrapalhar, diz especialista
Essa oscilação na quantidade de propriedades que pretendem vender para a UE, avalia o especialista em marketing José Luiz Tejon, ameaça prejudicar as negociações do Brasil com o bloco.
– Enquanto a cadeia do agronegócio não se profissionalizar, teremos vulnerabilidade. Por que o Brasil mandou aos europeus uma lista com quase 3 mil se eles queriam 300? – indagou Tejon.
Ao tentar ampliar o número de fazendas habilitadas, avaliou, o Brasil fica ameaçado de tornar inviáveis os negócios de todas. Representantes do governo e dos produtores precisam tomar decisões que não deixem brechas para que os europeus exerçam seu protecionismo, insistiu Tejon.
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