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 | 22/11/2007 04h30min

Auditores vêm à Capital analisar o ProJovem

Freqüência e notas dos alunos serão investigadas

Humberto Trezzi  |  humberto.trezzi@zerohora.com.br

Um grupo de técnicos do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE) desembarca ainda esta semana em Porto Alegre. Eles devem realizar auditoria na execução dos convênios firmados entre o governo federal e a Secretaria Municipal da Juventude, encarregada de tocar o ProJovem na capital gaúcha.

Serão investigadas a freqüência e as notas dos alunos, além da aplicação dos recursos. O mesmo assunto é objeto do inquérito aberto pela Polícia Federal (PF) e da sindicância desencadeada pela prefeitura de Porto Alegre.

Um dos contratos emergenciais analisados será o que os responsáveis pelo ProJovem em Porto Alegre firmaram com a empresa Refeições Sabor Caseiro Ltda., situada no bairro Restinga. Ela ficou responsável pelo repasse de 282 mil lanches aos alunos do projeto, ao longo do primeiro semestre de 2006. Três meses depois de iniciado o convênio, o número de lanches foi reduzido para 300. Conrado Lopes, assessor jurídico da Secretaria da Juventude na época, diz que a redução foi determinada pela demanda.

— Existia uma previsão de lanches, determinada pelas matrículas dos alunos. A expectativa não se confirmou e foi necessário reduzir o número de merendas — explica.

Entrevista: professor do ProJovem

Os alunos matriculados no ProJovem não precisavam comparecer às aulas nem tirar boas notas. Alguns professores e coordenadores do programa adulteravam os números, de forma a parecer que os resultados do projeto eram bons. Isso era feito porque só mediante bons resultados o governo federal continuaria a repassar verbas.

As afirmativas foram feitas ontem a Zero Hora por um professor que atuou durante um ano no ProJovem, de agosto de 2006 a agosto de 2007. Ele ministrava aulas de português. O docente será chamado a depor na PF, no inquérito aberto pelo delegado Andrei Rodrigues, da Delegacia Fazendária, para investigar o ProJovem.

O delegado começou ontem a interrogar os integrantes de uma lista de testemunhas interessadas em fazer denúncias. A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal da Juventude informa que, assim que forem intimados, os gestores do ProJovem darão explicações à PF. Confira a entrevista com o professor:

Zero Hora — O senhor testemunhou a adulteração das notas dos alunos?

Professor —
Sim. Cada aluno possui um caderno de avaliação, feita pelo professor. E uma chamada, também feita pelo professor. Os dados são digitados e repassados para a coordenadoria pedagógica, ligada à Secretaria da Juventude. Quando fui revisar as notas na terceira etapa, vi que tinham alterado várias delas. As mais baixas estavam corrigidas para cima, a caneta, em alguns casos.

ZH — De que outras alterações o senhor tomou conhecimento?

Professor —
Os coordenadores adulteravam notas e freqüências. Alguns alunos iam na aula, ficavam dois meses sem aparecer e, no final, o nome deles nas chamadas era confirmado como se tivessem assistido ao curso. Os coordenadores pedagógicos justificavam: "Se não der nota ou freqüência, o guri não vai receber a bolsa. E o programa vai ser suspenso, suspendendo também o contrato de vocês (professores)". É por isso que alguns professores concordavam em adulterar. Eu nunca concordei.

 
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