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 | 23/10/2007 06h59min

Ruy Carlos Ostermann: Tempo para pensar

Uma semana é tempo suficiente para Mano Menezes, seus jogadores, diretores e torcedores firmarem uma opinião a respeito do que é mesmo que pode estar acontecendo. Escrevo assim meio vagamente porque as dificuldades mais parecem estar antes do jogo no Maracanã como de resto sempre estiveram antes dos jogos fora do Olímpico ou tristemente dentro deles. É fato terem sido apenas quatro vitórias contra a exuberância sem comparação das afirmações no Olímpico. Não podem ser apenas os fluidos do estádio e das arquibancadas ou uma contração doméstica irresistível. Todos que ainda pretendem alguma coisa, a começar pelo insuperável São Paulo, ganham muito mais em casa do que fora. Muda a psicologia do jogo, certamente, é como abrir a porta da cozinha.

Mas no Rio surgiram elementos estranhos às habituais justificativas, e alguma frases fora do lugar tiveram muito trânsito. Só por isso faço essa conjetura: os dirigentes gremistas precisam ter muito cuidado e devem repor rapidamente a velha e boa confiança no trabalho e seus resultados práticos. Não faz sentido ouvir o que ouço desde o domingo à noite, que Diego Souza está auto-suficiente, um pouco desleixado, e até por isso saiu do time no intervalo. É estranho, não combina com os métodos persuasivos e doutrinários de Mano Menezes. É uma das pontas que precisam ser aplainadas nessa semana.

Vale sempre lembrar que a melhor definição do êxito do time sempre foi a confirmação de que o Grêmio sempre teria de jogar no limite de suas forças e aptidões. E, até prova em contrário, é verdade.

Jogadores

São jogadores como Marcão que podem assumir o papel essencial de uma mudança tática e dos espíritos como Abel apresentou domingo no Beira-Rio. Nada que jogadores competentes não possam fazer, mas há jogadores e jogadores. Marcão é de tipo especial, o que é reconhecido por seus companheiros. Tem forte imposição física e registra com naturalidade uma liderança que se expande da defesa para os demais setores do time. Essa qualidade é que não é comum.

A armação do time de Abel pode ser lida pela passagem de Alex para o centro do meio-campo, mas não é o fato determinante dos acertos do time no domingo. Wellington Monteiro, como já ocorrera outra vez, foi posto no lado direito do meio-campo com autorização para ser até ala-direito enquanto Guiñazu fazia o mesmo aplicadamente na esquerda. Assim, o miolo do meio-campo foi tão forte quanto das vezes passadas, mas pôde sair mais porque Edinho e Magrão bloquearam o meio à frente de Índio, Orozco e Marcão, e Alex se movimentou dali para a frente com mais liberdade e, sobretudo, com mais campo.

E melhor pode ficar a mudança se as muitas tarefas do meio-campo forem mais repassadas. Marcão será o ponto de partida.

Tristeza

Uma projeção não otimista, mas talvez com base em bom realismo caxiense, é que o Juventude, já rebaixado pelos fatos vindouros, deve desmanchar tudo o que foi feito até agora (ou desfeito nos últimos anos de endividamento sem compensações) e recomeçar modestamente no ano que vem da segunda divisão sem ambição se não a de se manter nessa posição. A situação financeira, me garantem, é muito grave e não será resolvida no curto prazo. E nem se cogita ainda de um projeto de reformulação de clube e futebol, isso passa por eleições, novas parcerias. A redução do patrimônio para pagar dívidas de curto prazo já está acertada. Trata-se de uma dolorosa transição que acometeu clubes médios brasileiros, mesmo os paulistas Ponte Preta, Guarani, Portuguesa, São Caetano e, com lascas e muito choro, o Corinthians, embora sejam outras as razões, e policiais.

 
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