| 05/07/2007 10h16min
Se o mesa-tenista Hugo Hoyama luta para se tornar o atleta brasileiro com mais medalhas na história dos Jogos Pan-Americanos, a ginasta Daniele Hypólito terá um desafio particular para também entrar na lista de marcas notáveis da competição. Ela pode virar a mulher com mais medalhas nos Jogos, caso suba ao pódio no Rio de Janeiro o mesmo número de vezes que a sua companheira de modalidade, Daiane dos Santos. A paulista tem duas medalhas de prata e três bronzes em duas participações, um pódio a mais que Daiane. Apesar da possibilidade, Daniele evita pensar no assunto antes do tempo.
– Quando a gente treina, não pensa muito nisso. O importante é fazermos um bom trabalho – explicou a ginasta, que já se tornou uma pioneira na modalidade, quando obteve a primeira medalha do país em um Mundial com a prata no solo em Ghent-2001.
Atualmente, Daniele divide o posto de maiores premiadas com a tenista Andréa Vieira (um ouro, uma prata e três bronzes), a jogadora de basquete Marlene (dois ouros, duas pratas e um bronze) e a ginasta Dayane Camilo (quatro ouros e um bronze), porém as três já encerraram suas carreiras. Andréa Vieira chegou a disputar um evento classificatório para o Pan do Rio de Janeiro, mas não obteve sucesso. Nesta relação, o líder absoluto é o nadador Gustavo Borges, com 19 medalhas (oito ouros, oito pratas e três bronzes), seguido pelos mesa-tenistas Hugo Hoyama e Cláudio Kano, ambos com 12 pódios em suas participações nos Jogos Pan-americanos.
Para a ginasta, a maior dificuldade é justamente o processo de avaliação de seu desempenho.
– A ginástica é um esporte subjetivo, onde dependemos das notas dos juízes. Às vezes a gente faz uma grande prova, é elogiada pelo técnico, mas não ganha medalha. Isso também é importante para a gente, mas é claro que é melhor fazer uma grande prova e ganhar uma medalha – apontou.
O discurso é uma forma de evitar a repetição de Winnipeg-1999, quando Daniele era apontada como a grande esperança de medalhas, mas sentiu o nervosismo, cometeu erros em suas apresentações e só subiu ao pódio na prova por equipes com a medalha de bronze. Naquele ano, quem brilhou foi Daiane dos Santos, prata no salto, e bronze na equipe e no solo.
Quatro anos depois, os papéis se inverteram e a então campeã mundial Daiane sofreu com os efeitos de uma recente operação. Sem a condição física ideal, ela obteve apenas o bronze com a equipe, enquanto Daniele foi prata nas barras assimétricas e na trave, e bronze no individual e com a equipe.
A exemplo de Daniele, Daiane também procura escapar dos questionamentos sobre previsões de conquistas no Rio de Janeiro. Nem mesmo a possível concorrência da mexicana Elsa Garcia muda o tom da ginasta.
– Nem sei se ela vem. A gente ainda não sabe quem vem das outras seleções. E não tem como prometer medalhas, mas o que sei é que vou dar o meu máximo para conseguir o melhor resultado possível – afirmou a gaúcha, acrescentando que nenhum problema físico a atrapalhará.
– Dorzinha a gente sempre tem, seja no dedinho do pé, seja no cabelo. Atleta de alto nível está sempre convivendo com dor, mas nada que possa me atrapalhar – assegurou.
Ao mesmo tempo, a dupla também procura passar experiência para as mais jovens, principalmente Jade Barbosa, tida como a promessa da modalidade para os próximos anos. Aos 16 anos, a ginasta garante ter tirado lições de alguns resultados adversos nas primeiras etapas da Copa do Mundo que disputou no Exterior, mas reconhece que será difícil se manter totalmente no controle durante o Pan.
– Competir em alguns países me ajudou muito, mas sei que o nervosismo não some de uma hora para outra – adiantou Jade, que deve usar os próximos dias para espantar de vez a ansiedade e escapar dos mesmos erros que atrapalharam Daniele Hypólito há oito anos em solo canadense.
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