Depois das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) forçar a renúncia em massa de autoridades do departamento (equivalente a Estado) de Arauca, o grupo guerrilheiro faz novas ameaças contra o governo colombiano. Uma gravação interceptada por autoridades revelou nesta segunda-feira, 24 de junho, que o prefeito de Bogotá, Atanas Mockus, está na lista dos chefes de governo locais que os guerrilheiros tentam afastar de seus municípios por meio de ameaças de morte.

O prefeito de Cali, John Maro Rodríguez, os vereadores e os 13 deputados restantes na Assembléia do departamento de Valle del Cauca foram intimados a renunciar até quarta sob pena de se tornarem objetivos de guerra.

A ameaça a Mockus e a outros prefeitos foi divulgada após a escuta de uma comunicação das Farc instruindo suas frentes a assassinarem ou seqüestrarem os prefeitos que não cumprirem a ordem de abandonar seus municípios. Os governantes afirmam que estão sendo ameaçados pois apóiam o presidente eleito Alvaro Uribe.

Apesar da pressão das Farc, Mockus afirmou que não renunciará e assegurou que esta estratégia nacional dos guerrilheiros mostra o desespero político e inclusive militar que domina os rebeldes de esquerda.

No momento, prefeitos de 16 dos 32 departamentos colombianos e dezenas de funcionários estão ameaçados de morte pela guerrilha. O presidente da Federação Nacional de Municípios, Gilberto Toro, afirma que o Estado se encontra diante do maior desafio já enfrentado pela democracia da Colômbia.

O governo do presidente Andrés Pastrana ofereceu guarda-costas e carros blindados para proteger os prefeitos, deputados e vereadores ameaçados. Mas muitos deles afirmaram que a medida não é suficiente nas atuais circunstâncias.

As Farc contam com cerca de 17 mil militantes e controlam boa parte do território colombiano. Prefeitos, vereadores e deputados de Arauca decidiram na última quinta-feira renunciar em massa diante das ameaças de morte feitas pelos guerrilheiros.