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 | 28/03/2002 00h06min

PM do Maranhão realiza busca em posto da PF em São Luís

Governadora Roseana nega que tenha autorizado a ação

A Polícia Militar do Maranhão realizou – no final da tarde desta quarta-feira, dia 27 – uma operação de busca e apreensão em posto do Serviço de Inteligência da Polícia Federal que funcionava em uma casa em São Luís. O grupo de cerca de 50 PMs chegou à casa por volta das 17h30min, com dois oficiais de Justiça e mandado judicial, buscando indícios de "atividade criminosa". A casa que servia de sede para a PF fica no bairro de classe média de Cohajape.

Em nota oficial, a Polícia Federal lamentou o espisódio e afirmou que a ação da PM do Maranhão causou prejuízos a investigações sobre tráfico internacional de drogas. A PM é subordinada à governadora Roseana, que acusou órgãos de inteligência federais de espionagem e conspiração. A assessoria de imprensa do governo maranhense nega que Roseana tenha autorizado a "batida" no posto da PF.

No dia 1º de março último, agentes federais apreenderam R$ 1,34 milhões na empresa Lunus, de propriedade de Roseana e de seu marido, Jorge Murad. O episódio deflagrou uma crise entre o PFL e governo Fernando Herique Cardoso e teria sido a principal razão da queda da pré-candidata do PFL à Presidência da República nas últimas pesquisas eleitorais.

Veja a nota oficial publicada pela Polícia Federal:

A Assessoria de Comunicação Social esclarece que, no final da tarde de hoje, a Polícia Federal, na cidade de São Luís, Estado do Maranhão, recebeu, numa de suas bases operacionais, a visita de um oficial de Justiça acompanhado de aparato policial militar local, objetivando cumprir mandado de busca e apreensão para verificação da ocorrência de crimes e arrecadar armas. Referida ordem judicial, expedida pela juíza plantonista da Vara de Infância e Adolescência da Justiça Estadual do Maranhão, Francisca Galiza, permitiu o acesso ao local.

A determinação judicial não foi integralmente cumprida porque a base operacional da Polícia Federal atuava em sigilo e contava com a devida cobertura da Justiça Federal naquele Estado, bem como com o rigoroso acompanhamento do Ministério Público Federal. As informações foram imediatamente repassadas ao oficial de Justiça, o qual certificou constatando a legalidade das instalações, não tendo efetivado a busca. A base faz parte de uma rede de inteligência da Polícia Federal para acompanhar as atividades de uma organização de tráfico internacional instalada naquela capital. Recentemente, a organização alvo teve apreendidas pela Polícia Federal cerca de 700 quilos de cocaína e a prisão de vários indivíduos de nacionalidades estrangeiras, os quais se encontram custodiados em São Luís e São Paulo à disposição da Justiça Federal.

A base contava com pessoal altamente especializado e equipamentos de última geração para promover investigações em áreas extremamente sensíveis. O prejuízo é incalculável e irrecuperável. Com a publicidade do local da base operacional da Polícia Federal, a equipe instalada há oito meses em São Luís terá de redimensionar os seus trabalhos. Equipamentos terão de ser removidos, técnicos realocados, o sigilo da operação reavaliado e feito o levantamento dos prejuízos operacionais causados pela infeliz intervenção da PM do Maranhão. O trabalho terá de ser praticamente reiniciado.

A intervenção atrapalha significativa ação de cooperação policial conjunta entre Brasil, Espanha, França e Colômbia visando o combate a uma importante conexão internacional do narcotráfico organizado. Vários presos têm antecedentes em seus países de origem. O Departamento de Polícia Federal lamenta o episódio e o prejuízo que ele acarreta à luta contra o narcotráfico.

 
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