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 | 12/03/2002 10h28min

STJ encaminha documentação da Lunus para Ministério Público

Denúncias envolvendo Roseana podem fazer PFL mudar o candidato ao Planalto

O material apreendido na empresa Lunus Serviço e Participações Ltda, da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), e de seu marido, Jorge Murad, será encaminhado nesta terça-feira, 12 de março, ao Ministério Público Federal, conforme decisão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ruy Rosado de Aguiar. Agora, o ministério irá examinar o material –  seis caixas, um microcomputador e um envelope com documentos – e decidir pelo encaminhamento ou não de pedido ao STJ para a instauração de inquérito.

Entre o material apreendido, estão R$ 1,34 milhão. Segundo reportagem publicada no jornal Correio Braziliense, o montante seria destinado ao financiamento da campanha presidencial da governadora. Mas, de acordo com o prazo estabelecido pela Lei Eleitoral, as doações oficiais só podem ser captadas de empresários depois de junho. Além de haver problema em relação ao destino do dinheiro, a origem também é desconhecida. Roseana pediu um prazo de 15 dias para dar explicações sobre os recursos.

As denúncias envolvendo a governadora do Maranhão já provocam discussões entre os pefelistas sobre uma eventual troca do candidato do partido à Presidência da República. Nesta terça-feira, o presidente nacional da sigla, o catarinense Jorge Bonrhausen, se encontra com Roseana para conversar sobre a campanha. Nomes como o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira, e o governador do Piauí, Hugo Napoleão, já falam em lançar o empresário Silvio Santos ao Planalto.

Roseana deve ter de explicar diversos episódios em que estaria envolvida. Na última sexta-feira,  o jornal Folha de São Paulo publicou uma matéria em que revela que Roseana declarou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), em 1998, pouco mais de 5% do valor que possuía em ações da  Lunus. A declaração de bens mostra que a governadora teria cotas que totalizariam R$ 114 mil. Já a Junta Comercial do Maranhão registra que de julho de 1996 a maio de 1999 Roseana possuía um capital social de R$ 2,137 milhões. Hoje, com 82,5% de participação na Lunus, a governadora possui R$ 2.415 milhões. O irmão de Roseana, empresário Fernando Sarney, também é suspeito de ter se beneficiado de liberação de recursos no Maranhão. Os negócios envolvendo Fernando ocorreram durante o período em que esteve associado a uma rede de empresários que teria obtido, nos últimos 20 anos, os melhores contratos realizados no Estado. A rede também teria garantindo boa parte das verbas de investimento do governo.

Ainda em 1º de março, quando a Polícia Federal realizou a investigação no escritório da Lunus, o partido interpretou a ação como um ato político – que visaria privilegiar a candidatura do tucano José Serra – e demonstrou apoio a Roseana. Na semana seguinte, todos os ministros do PFL deixaram as pastas e a sigla anunciou o rompimento com o governo. A cisão pode até custar a aprovação da prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) no Congresso. O partido decide hoje se vota ou não a favor do governo na próxima quarta-feira, 20 de março.

 
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