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 | 14/09/2005 12h24min

Coronel diz que queria ver Genoino na CPI do cuecão

Presença de Lício Augusto Maciel tumultuou depoimento na CPI do Mensalão

O coronel reformado do Exército Lício Augusto Ribeiro Maciel era capitão e tinha 44 anos quando prendeu José Genoino em 1972. Ontem à noite, por telefone, de sua casa no Rio de Janeiro, Lício contou por que foi ao depoimento do ex-presidente do PT.

Pergunta – Por que o senhor foi à CPI?

Lício Augusto Ribeiro Maciel – Fui a convite do Bolsonaro ver o Genoino na CPI do cuecão. Fui como cidadão e fiquei quieto.

Pergunta – Mas o senhor provocou constrangimentos.

Lício – Eu prendi o cara, mas foi há 30 anos. Ele tem sorte por estar vivo. Todos os companheiros que ele delatou morreram. Saí da guerra quando a guerrilheira Sonia (codinome de Lúcia Maria de Souza) me deu um tiro na cara. Tinha 39 guerrilheiros e, se eu estivesse lá, todos estariam vivos.

Pergunta – O seu tratamento era diferente de outros militares?

Lício – Não. Ou era eu ou eles. O Genoino foi preso e solto para que voltasse à área e pedisse para que se entregassem. Eles não quiseram. Um jornalista tomou um depoimento meu para um livro em que digo que Genoino não foi torturado. E o Genoino confirmou tudo depois. O Genoino foi tratado muito bem (o livro O Coronel Rompe o Silêncio, de Luiz Maklouf, conta que Maciel teria matado cinco guerrilheiros).

Pergunta – O que o senhor sentiu ao ficar diante de Genoino pela primeira vez desde 1972?

Lício – Nada. Não tenho nada contra ele. Genoino é uma figura de proa. Todo comunista tem direito de ser comunista, desde que não pegue em armas. A democracia permite isso. A mão de Deus afastou Genoino das armas.

Pergunta – No livro de Maklouf, o senhor diz que se arrepende de não ter "capado'' Genoino.

Lício – É que depois eu soube que os bandidos (guerrilheiros) tinham pegado o tenente Alberto Mendes Júnior. Fizeram o tenente engolir os próprios colhões e esfacelaram seu cérebro. Quando soube disso, afirmei que deveria ter feito o mesmo com o Genoino.

Pergunta – Quantos o senhor matou na guerrilha?

Lício – Não sei. Sei que prendi uns 30. Em combate, você não sabe quantos mata.

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