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 | 06/09/2005 08h38min

Planalto tenta barrar queda de Severino Cavalcanti

Jaques Wagner deve atuar no Congresso a favor do presidente da Câmara

O Palácio do Planalto se articula para barrar a queda do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti. O presidente Lula pediu ajuda ao presidente do Senado, Renan Calheiros. O ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, recebeu orientação para atuar a favor de Severino no Congresso.

Segundo fontes políticas, no Palácio do Planalto já se começou a traçar uma estratégia parlamentar que visa a "blindar" Severino, pois se teme que sua queda possa arrastar Lula. Ele é o segundo na linha de sucessão do presidente, mas, se Lula for levado a um julgamento político por sua campanha eleitoral, seu vice-presidente, José Alencar, também cairia.

Severino, nas últimas semanas, foi um dos mais confiáveis aliados de Lula em meio ao temporal político gerado pelos escândalos em torno do PT. Mas agora, o deputado, defensor do nepotismo e que na semana passada pediu "penas brandas" para os deputados que podem ter recebido subornos do PT, foi acusado de tentar extorquir a concessionária do restaurante do Congresso.

A oposição, que no calor da crise alenta a possibilidade de levar Lula a um processo de impeachment por irregularidades em sua campanha eleitoral, exige agora que o presidente da Câmara dos Deputados seja investigado e afastado de seu cargo enquanto isso.

Ontem, o empresário Sebastião Buani negou, em depoimento à Diretoria-geral da Câmara dos Deputados, a denúncia de ter pago propina ao então primeiro-secretário da Câmara, Severino Cavalcanti, em 2003. Após as denúncias, o presidente da Câmara disse que Buani tentara extorqui-lo para conseguir a renovação do contato da empresa com a Casa.

O deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA) disse hoje que recebeu documentos que provam a culpa de Severino Cavalcanti.

– São provas contundentes e, com isso, pode-se afirmar que ele já não está em condições de presidir a Câmara dos Deputados – disse Aleluia.

Apesar de denúncias que agora o mantêm no olho do furacão, Cavalcanti viajou hoje para Nova York, onde participará de uma reunião da União Parlamentar Mundial, parte da próxima Assembléia Geral das Nações Unidas. Antes de viajar, segundo disseram fontes próximas a ele à imprensa locais, advertiu que se for levado a renunciar, "muitos cairão" com ele.

A crise também começou a deixar os âmbitos estritamente políticos e a tomar as ruas. Hoje, milhares de manifestantes convocados pela oposição protestaram contra a corrupção na Avenida Paulista, em São Paulo. Amanhã, quando o Brasil celebrará sua independência, haverá protestos em todo o país e um grande ato no qual são esperadas cerca de 50 mil pessoas.

RÁDIO GAÚCHA E AGÊNCIA EFE
 
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