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 | 31/08/2005 23h49min

Fundos dizem que contrato com Citibank é operação de risco

Presidentes de fundos de pensão foram ouvidos pela CPI do Mensalão

Alegando estar correndo tanto risco quanto em qualquer outra operação na Bolsa de Valores, os presidentes dos três maiores fundos de pensão do país admitiram, em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) do Mensalão, que o contrato fechado com o Citibank para a compra de 45% das ações da Brasil Telecom, em 2007, foi um investimento temerário para a saúde financeira das entidades que administram.

– Não é 100% segura, como não é segura nenhuma operação. Mas se não exercermos a opção de compra, nossas ações viram pó – disse Sérgio Rosa, presidente do Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.

Além de Rosa, os parlamentares ouviram os depoimentos de Wagner Pinheiro, da Petros, fundo dos funcionários do Banco Central, e de Guilherme Lacerda, do Funcef, dos servidores da Caixa Econômica Federal (CEF). O depoimento terminou no final da noite desta quarta.

Para o relator da CPI do Mensalão, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), depois de ouvir o depoimento dos três presidentes dos fundos, "ficou a conclusão inevitável de que as entidades assumiram o compromisso de pagar um preço enorme, enquanto para o Citibank não há risco algum".

Nessa operação, que deverá ser fechada entre novembro de 2007 e novembro de 2008, os fundos comprarão os 45% da Brasil Telecom que pertencem ao Citibank pelo valor previsto de R$ 93 cada ação. Sérgio Rosa, do Previ, disse que hoje as ações valem R$ 23.

– Como o senhor pode dizer que uma ação que hoje vale R$ 23 pode chegar a R$ 93 em 2007? – perguntou o deputado José Rocha (PFL-BA).

Rosa respondeu que esse é o cálculo do mercado. Ele disse ainda que os valores oferecidos ao Citibank são praticamente iguais aos ofertados pelo Banco Opportunity, que mesmo com 10% das ações da Brasil Telecom,
controla a empresa.

O assunto, que aparentemente não tem nada a ver com as investigações a respeito do pagamento de mesadas para deputados, acabou por dominar os trabalhos da CPI do Mensalão durante todo o dia de ontem. Os parlamentares suspeitam de que fundos de pensão grandes tenham feito operações que possam ter permitido repasse de dinheiro para bancos utilizados pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, uma forma de compensar o pagamento ao PT e aos partidos da base aliada.

Mas os dirigentes dos fundos negaram qualquer ligação com Marcos Valério.
Pinheiro contou que participou da equipe de transição do governo de Fernando Henrique Cardoso para o de Luiz Inácio Lula da Silva e que foi indicado para o Petros pelo ex-ministro Luiz Gushiken. Os três contaram ainda que contrataram a Globalprev, empresa que pertenceu a Gushiken,
para treinamento de pessoal.

Segundo eles, os três fundos estão empenhados na administração do patrimônio de seus acionistas, e não na defesa de interesses políticos.

A CPI da do Mensalão volta a se reunir amanhã, às 15h, para votar um relatório preliminar conjunto com a CPI dos Correios.

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