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 | 16/08/2005 22h24min

CPI do Mensalão quer processo administrativo contra Lamas

Ex-tesoureiro do PL não trouxe novidades durante depoimento

Terminou o depoimento do ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) do Mensalão, após aproximadamente nove horas. A CPI pedirá à Corregedoria da Câmara de Deputados abertura de processo administrativo contra Lamas, funcionário público que tem salário médio mensal de R$ 20 mil e um patrimônio de R$ 1 milhão.

O ex-tesoureiro do PL admitiu ter transportado dinheiro a pedido do presidente do partido, Valdemar da Costa Neto, e reconheceu o repasse de recursos da legenda para a compra de mobília para a casa de Costa Neto.

Acompanhado por um advogado pago pelo PL, Jacinto Lamas contou que por determinação do presidente do partido esteve por diversas vezes na agência do Banco Rural em Brasília, em um hotel na capital e na sede da empresa SMP&B em Belo Horizonte. Nesses locais, informou, recebia em envelopes cheques ou dinheiro, repassados por funcionários do empresário Marcos Valério supostamente a pedido do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares.

– Eu levava sempre os envelopes diretamente para o Valdemar, na casa dele em Brasília ou em São Paulo –, contou Lamas.

O assessor parlamentar disse ter sido informado pelo presidente do PL de que o dinheiro dos envelopes seria usado para acerto contas da campanha da 2002. Jacinto Lamas, no entanto, não soube dizer quanto dinheiro sacou e como os recursos foram utilizados. Na contabilidade dele, o volume de dinheiro que transportou não teria ultrapassado os R$ 2 milhões. Pelas contas do empresário Marcos Valério, teriam sido cerca de R$ 10,5 milhões.

Os integrantes da CPI demonstraram insatisfação com o depoimento do ex-tesoureiro do PL e chegaram a propor uma sessão fechada para que Lamas fizesse revelações, podendo ser beneficiado com redução de pena. O ex-tesoureiro do PL não aceitou a sugestão e disse ter falado tudo o que sabe.

Para o relator da CPI, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), a atividade desempenha pelo ex-tesoureiro, aparentemente, não pode ser considerada lícita.

– Os deputados insistiram muito para que ele revelasse quem de fato tinha recebido os recursos e quais despesas justificaram o pagamento. Mas ele negou conhecer o destino do dinheiro – lamentou Abi-Ackel.

Este foi o segundo depoimento desta terça na CPI, que começou o dia ouvindo o primeiro secretário e tesoureiro informal do PTB, Emersom Palmieri, que falou durante cerca de quatro horas e meia na primeira sessão.

AGÊNCIAS O GLOBO E BRASIL
 
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